Carta de Despedida
Diferenças que libertam
Gabriel Garcia Marquez em um de seus textos mais ricos “CARTA DE DESPEDIDA” fala que se pudesse ter uma audiência com Deus não diria tudo que pensa, mas pensaria em tudo que viesse a dizer e que se tivesse a chance de extender um pouco mais a sua existência, iria buscar prazeres triviais como apreciar o sabor de um simples sorvete.
Nas palavras desse grande homem de letras existe algo que merece a nossa atenção, pois quando se olha para vida e para fatos ocorridos muita coisa fica no passado deixando de ter o suposto valor que tivera antes, nos ensinando que, as vezes o que a alma quer é simplesmente viver e sentir momentos de paz manifestos em situações de felicidade por mais fugazes que sejam tornando evidente que, o que hoje é corriqueiro e até mesmo insignificante, com o tempo pode se tornar precioso ganhando nova significação.
Essa mesma reflexão isenta de valores preconcebidos nos faz enxergar que muito das buscas que o homem vivencia em seus dias na verdade não o tornam melhor ou mais feliz, mas essas são meras imposições quando os valores sociais sobrepõem os anseios que cada um traz em sua intimidade, onde passamos a ser meros fantoches representando personagens que não refletem a nossa real identidade.
Quem vê no tempo um aliado fiel sendo o único capaz de nos trazer respostas à todos os questionamentos que a reflexão nos obriga, caminha com mais sutileza pela vida deixando pra trás tudo que só faz pesar os passos de quem quer gozar da paz interior, por ter compreendido que, o importante na existência é ser feliz pela paz que a consciência pode proporcionar e não ter razão, simplesmente porque ter razão é ser portador da verdade e verdade é simples conceito condizente com a capacidade que cada um de nós tem de enxergar os fatos.
Olhar na mesma direção não é certeza de se enxergar as mesmas paisagens e para quem traz o desapego como parte de seu patrimônio interior, aquilo que para uns é visto como decepção e tristeza passa a ser simples aprendizado colocando tudo no seu devido lugar, pois união não é sinônimo de fusão, nos fazendo ver que cada um de nós é único necessitando das diferenças para nos libertar das amarras que nós mesmos criamos., trazendo para os dias o valor e a suavidade que alma do homem pede.
Renato Moura