Homenagem

A era das viúvas: morte de Joseph Safra coloca a mulher e as cunhadas do empresário no comando da família

Dominick Dunne, o lendário jornalista americano morto em 2009 que cobria o mundo dos muito ricos para a “Vanity Fair”, certa vez escreveu que não existe uma centena de pessoas no mundo que vive em tão alto estilo quanto os Safras. E Dunne certamente sabia muito bem disso, uma vez que um dos casos mais notórios de sua bem-sucedida carreira foi a cobertura da morte de Edmond Safra, em 1999, em circunstâncias que mais tarde se provaram criminosas.

Até então, Edmond havia se tornado o nome mais conhecido internacionalmente de uma família que começou a ganhar altas somas de dinheiro depois da queda do Império Otomano, em 1918, e logo se transformou em uma das mais tradicionais dinastias de banqueiros do planeta. Parte dessa fama dele, no entanto, se deve a Lily Safra, com quem Edmond se casou em meados dos anos 1970.

E a bilionária brasileira radicada na Europa agora se junta às cunhadas Vicky e Chella – as mulheres de Joseph Safra, que morreu na noite dessa quarta-feira, aos 82 anos, e de Moise Safra, morto em 2014, aos 80 – para se tornar uma das três chefes de um clã que sempre prezou pelo comando masculino, seja nos negócios ou dentro de casa, e no qual as mulheres sempre ficaram em segundo plano.

Edmond e Lily Safra
Edmond e Lily Safra 

Lily Safra

Gaúcha de Porto Alegre, Lily conheceu Edmond quando ficou viúva de seu segundo marido, o empresário Alfredo Monteverde, fundador do Ponto Frio, e de quem herdou uma fortuna estimada no fim dos anos 1960 em mais de US$ 200 milhões (R$ 1,01 bilhão). Como buscava alguém para administrar esse patrimônio, logo lhe indicaram o nome do banqueiro – que nunca tinha subido ao altar, em parte porque temia se casar com uma mulher que pudesse estar interessada apenas em sua condição financeira. Com Lily, isso não seria um problema, e depois de alguns anos de namoro (que incluiu uma terceira troca de alianças dela, com Samuel Bendahan, só para causar ciúmes em Edmond), os dois finalmente oficializaram a união em 1976. Moise e Joseph foram contra o casamento, já que Lily, apesar de ser judia como eles, tem descendência asquenaze, mais progressiva, enquanto os Safras são de origem sefardita, mais tradicional. O fato de que Lily sempre adorou aparecer os deixava desconfortáveis, um sentimento que era recíproco entre ela e os dois irmãos. Lily e Edmond nunca tiveram filhos e, depois da morte do banqueiro, a socialite e filantropa nunca mais falou com os cunhados.

Chella é a viúva de Moise Safra
Chella é a viúva de Moise Safra

Chella Safra

Nascida em Beirute, no Líbano, assim como Moise, Chella se casou com Moise nos anos 1970. Educada em francês e fluente em várias línguas, sua principal tarefa sempre foi cuidar dos cinco filhos que teve com o banqueiro: entre os Safras, os homens sempre são criados para se tornarem gênios das finanças, enquanto as mulheres são preparadas para serem esposas fiéis e boas mães. Em seu tempo livre, Chella sempre buscou ajudar as várias entidades filantrópicas que contam com o apoio financeiro da família. Ela também é a fundadora da Americas Amigas, ONG que atua no auxílio de mulheres diagnosticadas com câncer de mama, e que tem como principal atividade levantar recursos para comprar máquinas de mamografia para clínicas e hospitais das Américas que não dispõem desses equipamentos. Estima-se que Chella tenha recebido pelo menos um terço da fortuna deixada por Moise, de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,1 bilhões).

Vicky com Joseph Safra, que morreu nessa quarta-feira
Vicky com Joseph Safra, que morreu nessa quarta-feira

Vicky Safra

A mais nova viúva dos Safras também é uma das pessoas que mais entendem de obras de arte no Brasil. Mãe dos quatro filhos do banqueiro, ela também é uma forte candidata para a de Luiza Helena Trajano o título de mulher mais rica do país, já que parte dos US$ 23,2 bilhões (R$ 117,5 bilhões) deixados por ele em breve serão seus. Também é certo que uma fatia considerável da bolada seja doada para as várias entidades que o casal apoiava, como o Hospital Albert Einstein, que inclusive tem um de seus pavilhões nomeados em homenagem ao casal. Discretíssima, Vicky não costuma aparecer muito nas colunas sociais, mas sabe-se que os jantares que deu até hoje em sua casa no Morumbi sempre foram perfeitos, com convidados a elogiando aos montes por seus dotes de anfitriã. Vicky tem uma relação amistosa com Chella, mas ambas não se dão com Lily. Em comum agora, as três dividem apenas a coincidência de terem passado suas vidas ao lado de homens que foram os últimos representantes de uma leva de banqueiros que já não existe mais.

Fonte: Glamurana

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