História de superação: esporte foi fator de recuperação para Cleomar
A vida de Cleomar Lima do Nascimento, 42 anos, mudou radicalmente a partir do dia 1º de agosto de 2004. Um carro colidiu com sua moto na Estrada Velha de Itapevi. Ele caiu numa baixada, ficou internado 16 dias em Osasco e teve de amputar parte da perna esquerda.
Com apenas 24 anos à época, trabalhava como porteiro de uma empresa. Nunca mais pôde se dedicar à prática do skate, que gostava tanto. Não aceitou a nova realidade, flertou com o alcoolismo e chegou até a realizar atos inconsequentes. Sua vida ficou dividida entre a revolta e a dolorosa e demorada calcificação do fêmur. “Foi muito difícil, não queria que me tratassem como um coitadinho”, afirma.
Morador de Barueri desde 1990, passeava de muletas pelo centro da cidade em 2007 quando foi convidado por Carlos Roberto da Silva, o professor Carlinhos, atual titular da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SDPD), a conhecer a modalidade vôlei sentado.
Começou a treinar em São Paulo, não se adaptou a princípio, mas voltou ao esporte em definitivo no mesmo ano. “Conheci o Giba (atacante consagrado do Corinthians e da seleção brasileira) e passei a ter uma nova visão sobre a modalidade”, declara.
“A rotina dos atletas de vôlei sentado exige talento, disciplina, dedicação, preparo psicológico, habilidade para lidar com grupo e capacidade de superação de outros obstáculos sociais e familiares até maiores fora da quadra”, complementa o atleta amador.
Os treinos, as competições e o convívio com o meio esportivo fizeram muito bem a Cleomar. Ele superou adversidades e preconceitos, conseguiu empregos que exigem melhor qualificação e encontrou mais um amor: Marisa Reis, sua companheira há 14 anos.
“Já pensei em parar de jogar muitas vezes e até recebi proposta remunerada de outro clube, mas preferi continuar aqui. Barueri possui uma ótima estrutura e sou muito agradecido pela prótese que recebi”, revela.
Mesmo com a pandemia e o emprego – ele trabalha há seis anos como atendente de investimentos de pessoa física em um grande banco na Avenida Paulista -, treina em casa três vezes por semana e caminha outras três. “Ele tem todo o meu apoio. Acho até um pouco exagerada a rotina de treinos, mas adoro quando ele oferece um ponto para mim”, afirma, orgulhosa, a esposa.
O levantador Antônio Santana Alves – o Tonho -, é um dos pioneiros do time de Barueri ao lado do secretário Carlinhos e do próprio Cleomar. Ele dá a sua opinião sobre o amigo: “É um companheiro compreensivo e tem muita fome de jogo. Se eu ficar muito tempo sem lhe passar a bola, ele fica irritado”, conta com bom humor.
Além da fome de bola, o atleta tem fome de vida: adora “recarregar as baterias” frequentando praias ou sítios com a família, é muito interessado em filmes de guerra, séries de TV e dedica boa parte de seu tempo livre à leitura de livros sobre a História do Brasil.
Principais títulos:
Vice-Campeão Torneio Sérgio Del Grande em 2008 (São Paulo);
Medalha de Prata nos Jogos Abertos de Goiás (2008);
3º lugar no Campeonato Paulista em 2009 (Ibirapuera, São Paulo);
Campeão Brasileiro Série B em 2009 (Mogi das Cruzes, SP);
Vice-Campeão Brasileiro Série B em 2011 (Maceió, AL);
Vice-Campeão Brasileiro em 2012 (Cabo, PE);
Vice-Campeão Paulista em 2019 (Barueri,SP).
Fonte: Portal Barueri