Política

Governo do Estado quer impor toque de recolher, mesmo com queda no número de novos casos e taxa de ocupação de UTI em 70%

O governo do estado de São Paulo quer proibir pessoas nas ruas depois de aumento de 5,5% no número de internados. O coordenador do Centro de Contingência do covid-19 do governo estadual, João Gabbardo, disse que apresentou ‘recomendações’ ao governador João Doria (PSDB) que consistem em “recomendações que obviamente vão tratar da redução da mobilidade, de redução da movimentação das pessoas e que é o que a gente pode fazer nesse momento“.

O governo do estado deve anunciar na quarta-feira essas medidas de ‘redução de mobilidade’, que, na prática, configuram um tipo de toque de recolher e devem vigorar a partir da próxima sexta-feira, 26/02. E o fazem mesmo com os portais do governo do estado demonstrando um número de novos casos menor nos últimos dias do que nos anteriores. O pico de novos casos na semana passada, de acordo com o governo do estado, foi de 11.496 no dia 16/02. Na semana anterior, o dia em que mais se registrou novos casos foi o dia 13/02, onde 13.825 novos casos foram registrados.

E, na semana em que São Paulo passava pelo lockdown e a proibição do funcionamento de comércios imposto entre às 20:00 e às 06:00, o pico de novos casos foi registrado no dia 27/01, com 16.041 casos. Em todos os dias, com exceção dos dois domingos e das duas segundas-feiras, o número de novos casos registrados foi maior do que o que temos hoje.

O número de casos, portanto, está em declínio. O pretexo de Gabbardo é que houve grande aumento no número de internações e São Paulo bateu o recorde em internações: 6410 em um dia. No entanto, o nível de ocupação das UTI é de 68,9% no estado de São Paulo, enquanto que o nível de ocupação das Enfermarias é de 49%. Um nível normal, considerando a média dos números já anotados desde o ano passado até esse ano. O aumento foi de 5,5% em comparação com a média da semana anterior.

Inclusive, no ano passado, os critérios iniciais para avanço à fase amarela incluíam ocupação menor de 70% dos leitos de UTI, e posteriormente o critério para que cidades passassem à fase verde incluía ocupação de leitos de UTI menor do que 75%.

Os critérios adotados no passado mostram que o que houve foi um gradual e cada vez mais forte aumento das restrições às liberdades, e uma diminuição no número de novos casos. O governo do estado aponta este aumento de internações, mas, ao mesmo tempo, registra números dentro da média de internações para UTI e Enfermaria, corta recursos da saúde e não coloca em funcionamento estruturas que poderiam já funcionar. Também não podemos esquecer que as estatísticas do governo do estado, muitas vezes, não contam com os dados de internação dos municípios.

Prova disso foi quando a cidade de Iitaquaquecetuba, na zona leste da grande São Paulo, foi rebaixada à fase vermelha do Plano SP com a justificativa de ‘aumento de internações’, e não aceitou o ‘rebaixamento’ porque o governo do estado considerou os dados apenas do Hospital Estadual Santa Marcelina para concluir que havia alta ocupação dos leitos. Além disso, o hospital atendia 4 cidades da região do Alto Tietê, contando com Itaquaquecetuba e a cidade dispunha de 20 leitos exclusivos para o tratmento do Covid-19, sendo 5 deles com ventiladores pulmonares.

Aguardemos agora a atualização do plano São Paulo e torçamos para que as pessoas não aceitem do governo do estado as ordens que ele não pode lhes dar, e também que os órgãos de segurança do estado e dos municípios de São Paulo não acatem ordens inconstitucionais.

Fonte: O Barueriense / Texto: Diego Tozzato

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