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Em meio à pandemia, entenda a importância da vacina contra gripe

Campanha começa hoje e segue até 9 de julho. Por ser junto com imunização da covid, municípios terão de evitar aglomerações

Começa nesta segunda-feira (12) a campanha de vacinação contra a gripe em todo o Brasil. A imunização vai até o dia 9 de julho e será feita em três etapas. A meta do Ministério da Saúde é atingir 79,7 milhões de pessoas. 

As crianças de 6 meses até 5 anos, as mulheres grávidas ou que tiveram filho nos últimos 45 dias, os profissionais de saúde e povos indígenas serão os primeiros a receber a vacina contra o influenza neste ano.

Em tempos de pandemia, as pessoas podem confundir as campanhas de vacinação contra influenza e covid-19.

A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunização) por mais de dez anos, explica a necessidade de as pessoas receberem as vacinas de covid-19 e gripe.

“O vírus influenza circula de março até agosto. É uma doença com alta incidência de casos graves e óbitos nas populações de risco. A vacina de gripe não protege contra a covid e nem a de covid protege contra influenza”, ressalta a especialista.

Além disso, a lotação de hospitais com pacientes com o SARS-CoV-2 tornou a imunização contra a gripe ainda mais importante. Assim, a população não precisa procurar o SUS (Sistema Único de Saúde) por problemas decorrentes da infecção por influenza.

Vacinas contra covid e gripe podem ser aplicadas juntas?

A indicação do Ministério da Saúde é que as vacinas não sejam tomadas juntas — é recomendado um intervalo de 14 dias entre as duas aplicações.

“Ainda não existem estudos que mostrem que uma vacina não interfere na outra. Como as vacinas contra a covid foram liberadas muito rápido, não houve tempo para fazermos esses estudos. Nesse momento, precisamos distanciar por precaução”, afirma Carla.

E completa: “Ainda não observamos os efeitos adversos da vacina contra a covid. Se aplicarmos as duas juntas e acontecer algum evento adverso, não sabermos qual causou o efeito.”

De acordo com a especialista, o imunizante contra a gripe pode ser tomado no intervalo das duas doses da vacina contra a covid, seja a CoronaVac ou Oxford, as duas aplicadas no Brasil. Carla lembra que a prioridade é a contra o novo coronavírus.

“Se já estiver disponível, a indicação é tomar contra a covid, passa 14 dias e toma influenza. Se ainda não está liberada da covid, toma da influenza e depois a da covid. Vai depender do momento e disponibilidade das vacinas”, explica ela.

Quem deve tomar a vacina da gripe?

O grupo de prioridade da vacina contra o influenza é um pouco diferente do estabelecido contra a covid.

Além de idosos com mais de 60 anos, povos indígenas, profissionais de saúde, professores, militares e pessoas com doenças crônicas, estão incluídas as crianças de 6 meses até 5 anos, as mulheres grávidas e as puérperas, mulheres que tiveram filho nos últimos 45 dias.

Por que é necessário receber a vacina todo ano?

Carla Domingues explica que o imunizante tem eficácia de cerca de um ano e lembra que a gripe é causada por um vírus, que sofre mutações.

“O influenza é um vírus que sofre mutação muito rápido de um ano para outro. Por isso, que a Organização Mundial de Saúde [OMS] avalia todos os anos quais os vírus que estão circulando e altera a vacina. A vacina deste ano não é igual a do ano passado. Além disso, a vacina da influenza nos protege de 9 a 12 meses”, alerta.

Quem está fora do grupo prioritário, pode tomar a vacina?

O Ministério da Saúde está oferecendo 80 milhões de doses e após a aplicação no grupo de risco, as sobras serão destinadas à população em geral.

Além disso, clínicas particulares de vacinação e laboratórios oferecem o imunizante. O preço é de cerca de R$ 150.

Tem diferença entre as vacinas pública e privada?

O imunizante aplicado pelo Ministério da Saúde é chamado de trivalente, que combate três vírus diferentes da gripe. Já do sistema particular é polivalente, com quatro tipos vírus.

A epidemiologista explica que as diferenças não mudam na eficácia da vacina. “A [rede] pública usa os três vírus que estão mais circulantes no momento, então previne muito bem contra a doença. A rede pública ainda não usa a polivalente porque ainda não tem capacidade de produção para substituir as 80 milhões de doses necessárias para a vacinação brasileira”, conta Carla Domingues.

Duas campanhas ao mesmo tempo não tem risco de aglomeração?

Carla Domingues explica que cada município vai ter de organizar as vacinações, porque o Brasil é muito grande e com muitas diferenças.

A recomendação do Ministério da Saúde é de que haja esquemas para não aumentar o problema da contaminação pelo coronavírus. 

“O Brasil é um país continental e não conseguimos criar regras. Não existe ideal, temos realidades diferentes. O município vai definir a estrutura, os recursos humanos e definir como vai funcionar respeitando o distanciamento”, finaliza a epidemiologista.

Quando posso tomar a vacina da gripe?

A campanha contra a gripe será feita em três etapas, respeitando datas diferentes:

12 de abril a 10 de maio: crianças, gestantes, mulheres que deram a luz nos últimos 45 dias, povos indígenas e trabalhadores da saúde (25,2 milhões de pessoas)

11 de maio a 8 de junho: idosos e professores (32,8 milhões de pessoas)

9 de junho a 9 de julho: demais grupos prioritários (21,7 milhões de pessoas)

Após esse período, a população em geral poderá receber as doses que sobrarem, nos postos de saúde. 

Fonte: R7

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