Liberdade: conheça a história trágica que deu nome ao bairro de São Paulo
O bairro da Liberdade é conhecido pela forte presença da cultura e gastronomia japonesa em São Paulo, mas nem sempre foi assim. O que muita gente não sabe é que o maior reduto nipônico fora do Japão tem forte raiz africana e é marcado pela história dos negros na capital paulista. Quem mostra é Minha Receita, especial sobre culinária da África.
Em 1550, pessoas foram trazidas à força da África para o Brasil com destino ao nordeste para trabalhar nos engenhos e cana-de-açúcar. Depois, em 1750, houve a descoberta do ouro na região de Minas Gerais. E mais tarde elas foram para São Paulo e Rio de Janeiro para trabalhar com a plantação de café. E o bairro da Liberdade recebeu essas pessoas negras.
“Foi a primeira periferia e era aqui que as pessoas negras viviam na época”, explica Débora Pinheiro, guia de turismo da Black Bird Viagem. Ela é uma das responsáveis por realizar a Caminhada São Paulo Negra, que mostra a história apagada dos negros na cidade.
Na época, onde hoje fica o Largo da Liberdade estava localizado o Largo da Forca, onde eram enforcadas as pessoas condenadas à morte. Em 1875 se construiu a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, para que as pessoas acendessem velas para essas almas.
É ali na Liberdade também em que está o Cemitério dos Aflitos e a Capela dos Aflitos, onde está enterrado o homem que ajuda a dar nome ao bairro da Liberdade.
Chaguinhas foi um cabo da marinha negro que estava a frente de um motim reivindicando seus salários atrasados. O motim foi contido e ele foi mandado para a forca. No entanto, a corda estourou nas duas tentativas de enforcamento, o que surpreendeu quem estava presente. Na terceira tentativa, a corda estourou de novo e todo mundo que estava assistindo começou a gritar: “liberdade”. Ele não foi perdoado e morreu naquele dia, mas desde então o local mudou de nome.
Com o passar do tempo, a Liberdade passou por uma gentrificação. Deixou de ser um bairro na periferia e ficou mais caro, o que fez com que algumas populações fossem expulsas da região, inclusive a população negra.
Fonte: UOL