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Empresa ligada a Feder faturou R$ 192 mi com pasta que ele irá chefiar

Uma empresa de informática da qual o futuro secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, é membro efetivo do conselho de administração faturou R$ 192 milhões com a venda de equipamentos para a pasta que ele irá comandar a partir de janeiro do ano que vem, no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Renato Feder foi co-CEO da Multilaser Industrial S/A entre 2003 e 2018, quando passou a exercer os cargos de vice-presidente da empresa e de presidente do conselho. Em 2019, ele renunciou após assumir a pasta da Educação no governo de Ratinho Júnior (PSD) no Paraná e, desde maio do ano passado, é conselheiro da companhia.

Um levantamento feito pelo Metrópoles a partir de dados da Secretaria da Fazenda paulista mostra que, em 2021, a Multilaser recebeu R$ 181,8 milhões da Secretaria da Educação, com a venda de tablets e notebooks para a rede paulista de ensino, que ele comandará a partir de janeiro.

Neste ano, foram mais R$ 10,5 milhões gastos pela pasta até julho com a empresa ligada ao futuro secretário, para a compra dos mesmos tipos de aparelhos. Em fevereiro, a Multilaser ainda venceu uma licitação, por pregão eletrônico, para fornecer celulares aos alunos da rede de ensino – em quatro lotes, que totalizaram R$ 148,4 milhões.

Entre 2017 e 2018, antes da Multilaser vencer as licitações da Secretaria da Educação, Renato Feder já havia atuado na pasta como assessor, abrindo mão da remuneração, durante o governo de Geraldo Alckmin (PSB), atual vice-presidente eleito.

Primeiro nome

Feder foi o primeiro nome do futuro secretariado anunciado por Tarcísio, na semana passada. Ele ainda segue vinculado ao governo do Paraná e deve assumir efetivamente a coordenação da equipe de transição de São Paulo na área da Educação na próxima semana.

Em seu site, a Multilaser afirma que a atuação de Feder como secretário da Educação do Paraná “não o impede legalmente de ocupar cargo no conselho de administração” da empresa. Agora, contudo, ele deve se afastar completamente da companhia.

Desligamento

Por meio de nota, o futuro secretário da Educação afirmou que “está em processo de desligamento do conselho da Multilaser”. Ele ressaltou ainda que, enquanto estiver no comando da pasta, “a Multilaser não vai vender nada para o governo de São Paulo”. A assessoria de Tarcísio também reiterou que “a empresa não manterá transações no novo governo enquanto Feder for secretário”.

A decisão deve impactar o faturamento da empresa, que já passa por situação adversa. Segundo o último relatório apresentado pela companha aos investidores, a receita líquida da Multilaser foi de R$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre deste ano – queda de 6,3% na comparação com o mesmo período de 2021. De acordo com o documento, o setor público, que responde por cerca de 20% das vendas, foi um dos setores que mais registrou queda.

Contratos

A Multilaser é uma fornecedora de produtos para o governo paulista. Há registros de contratos, ao menos desde 2004, com as secretarias Penitenciária, de Administração, de Saúde e de Transportes. A empresa também está cadastrada como fornecedora de equipamentos para o metrô paulista.

No governo federal, a empresa que já foi dirigida por Renato Feder firmou um contrato de R$ 14,2 milhões em 2019, para o fornecimento de tablets ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destinados à realização do Censo 2020.

Durante a pandemia, a empresa também foi contratada para fornecer cerca de 100 mil máscaras cirúrgicas ao Ministério da Educação (MEC) – pasta que Renato Feder quase chegou a ocupar no governo de Jair Bolsonaro (PL). O presidente desistiu da nomeação após saber que o empresário havia efetuado doações para a campanha do ex-governador João Doria (PSDB) em 2016.


Fonte: Metrópoles

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