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Polícia concluiu inquérito e pede pela 3ª vez a prisão de motorista do Porsche indiciado por homicídio e fuga do local

Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito do caso do Porsche e pediu pela terceira vez a prisão do motorista do carro de luxo, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, indiciado por homicídio por dolo eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente ocorrido em 31 de março.

A mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, também foi incluída no inquérito final como coautora da fuga do local do acidente.

O relatório do caso foi entregue à Justiça, que analisará o pedido do 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, para decidir se decreta ou não a prisão do motorista do Porsche. Nas outras duas vezes anteriores que a investigação pediu a prisão de Fernando (uma temporária e outra preventiva), a Justiça negou.

Dessa vez a delegacia que investiga o caso fez um novo pedido de prisão preventiva (aquela sem prazo) para o empresário. Até a última atualização desta reportagem não havia nenhuma decisão judicial sobre a solicitação.

O delegado que preside o inquérito justificou o terceiro pedido de prisão por garantia da ordem pública. Segundo ele, esse tipo de crime causa muita comoção popular e precisa ser punido exemplarmente.

De acordo com a delegacia que investiga as causas e eventuais responsabilidades pelo acidente, Fernando assumiu o risco de matar o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, feriu gravemente o estudante de medicina Marcus Vinicius Machado Rocha, e foi embora sem passar pelo teste do bafômetro. Atualmente o empresário responde aos crimes em liberdade.

No caso da mãe, Daniela, a justificativa para a inclusão é de que ela, apesar de ter saído do local do acidente com a autorização da PM, fez isso com a condição de levar o filho para o hospital, mas não o fez. Os dois foram embora para a casa da família, no bairro de Vila Formosa, na Zona Leste.

Ornaldo dirigia o Sandero que foi atingido na traseira pelo Porsche. Marcus é amigo de Fernando e estava no banco de passageiro do carro de luxo. O acidente ocorreu na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, Zona Leste, e foi gravado por câmeras de segurança (veja vídeo abaixo).

Com o inquérito concluído e relatado, ele seguirá para avaliação do Ministério Público (MP), que poderá denunciar Fernando pelos três crimes. A Promotoria também pode concordar ou não com o novo pedido de prisão. Depois disso, o inquérito seguirá para análise da Justiça, que decidirá, além do pedido de prisão, se tornará o motorista do Porsche réu no processo.

Até a última atualização desta reportagem não havia nenhuma decisão judicial sobre a solicitação.

Polícia Técnico-Científica vai usar drone e scanner laser 3D para reconstituir nesta quinta-feira (25) o acidente com o Porsche que deixou um morto e um ferido no último dia 31 de março na Avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste de São Paulo.

A reprodução simulada, nome técnico da reconstituição, foi pedida pelo Ministério Público (MP) e será realizada por peritos do Instituto de Criminalística (IC) a partir das 10h no Tatuapé. A promotora Monique Ratton quer que a perícia reproduza como ocorreu o acidente.

Para isso, o IC usará drone para sobrevoar o local em que ocorreu a batida entre o carro esportivo de luxo e o Sandero e tirar fotos. E também colocará um scaner terrestre próximo ao lugar da colisão para captar imagens em 360°.

Esse material será levado depois para um perito, que fará a animação de como ocorreu o acidente. Ele juntará as informações com os vídeos que mostram a batida (veja abaixo).

A perícia do IC vai projetar num filme computadorizado o momento em que uma câmera de segurança grava o Sandero passando a 40 km/h na frente de um posto de combustíveis, segundo o laudo pericial. E, na sequência, surge o carro de luxo, a 156,4 km/h. O limite máximo para a via é de 50 km/h, e o mínimo, de 20 km/h.

Depois, outra câmera mostrou quando o Porsche bateu na traseira do Sandero. O carro de luxo estava a 114,8 km/h no momento em que bateu no veículo do motorista de aplicativo, que havia reduzido a velocidade para 38,3 km/h.

Como os radares que fotogravam infrações de trânsito na avenida não funcionavam no momento da batida, as velocidades do Porsche e do Sandero só foram obtidas por meio da perícia da Polícia Científica. Por isso o MP também solicitou uma animação, para mostrar como foi essa dinâmica a partir de outros ângulos e pontos de vista.

“É mais um elemento probatório do fato”, disse à reportagem a perita criminal Karin Kawakami. Ela estará presente nesta quinta, acompanhando o trabalho de reconstituição.

Ao todo, a Polícia Científica tem dez scanners no estado desde 2020, quando o equipamento começou a ser usado em perícias criminais. Cada um custa em torno de R$ 460 mil.

“Para reconstituição dos fatos, a SPTC [Superintendência da Polícia Técnico-Científica] utilizará drones e o scanner 3D, que é uma das tecnologias mais avançadas do mercado. Com isso, será possível realizar um levantamento topográfico e um mapeamento do ambiente em 360°, que resultará em uma animação, posicionando cada pessoa e elemento no local correto, de acordo com o apurado no decorrer das investigação, incluindo imagens de câmeras de segurança. A partir disso, o perito poderá analisar a dinâmica do caso pelos mais diversos ângulos”, informa nota da Secretaria da Segurança Pública.

O Ministério Público também pediu nesta semana à Justiça a quebra do sigilo bancário do motorista do Porsche, para saber se ele comprou bebidas alcoólicas em bares antes de provocar o acidente.

Justiça ainda não havia decidido sobre isso até a última atualização desta reportagem.

O MP quer saber quem pagou pelo consumo de bebidas no restaurante Porcheteria e na casa de jogos Encore Poker Clube.

Um casal de amigos do motorista do Porsche contou à Polícia Civil que Fernando havia bebido em ao menos um desses dois estabelecimentos no Tatuapé.

O amigo de Fernando, Marcus, e sua namorada confirmaram que saíram com o empresário e a namorada dele e que todos beberam antes do acidente.

Além disso, a comanda de um dos bares em que os quatro estiveram mostra que o grupo consumiu bebidas alcoólicas horas antes da batida.

Somente Fernando e Marcus estavam no Porsche. Segundo testemunhas ouvidas pela investigação, Fernando apresentava sinais de embriaguez.

Logo após a batida, a Polícia Militar (PM) foi atender a ocorrência, mas liberou Fernando sem fazer o teste do bafômetro nele. De acordo com os policiais militares, a mãe do empresário havia dito a eles que levaria o filho para um hospital, o que não ocorreu.

O bafômetro poderia confirmar se o motorista do Porsche havia bebido. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que as imagens das câmeras corporais dos policiais militares que atenderam o acidente comprovaram que eles erraram por não terem feito o teste em Fernando.

As imagens dos agentes da Polícia Militar foram entregues no 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, sem que as filmagens fossem divulgadas pela pasta à imprensa. A Corregedoria da PM apura a conduta dos agentes, que poderão ser punidos.

Fernando se apresentou na delegacia quase dois dias depois do acidente. O empresário e a sua namorada negaram que ele tenha bebido. O motorista do Porsche alegou que estava “um pouco acima do limite” de velocidade para a via, mas “não muito acima”, sem saber precisar quanto.

E, segundo Fernando, quando notou, o motorista do Sandero pisou no freio, reduzindo a velocidade, e ele não conseguiu desviar do veículo. Em outras ocasiões, seus advogados haviam dito à imprensa que o acidente foi uma “fatalidade”.

O motorista do Porsche foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio por dolo eventual (por ter assumido o risco de matar Ornaldo), lesão corporal (ferir Marcus) e fuga do local do acidente (para não fazer o teste do bafômetro). Ele também negou ter fugido.

O inquérito do caso do Porsche ainda não foi concluído. Durante a investigação, o delegado Nelson Alves, que apurava os crimes acima, foi substituído pelo delegado Milton Burguese, que estava no 81º DP, Belém. Nelson foi para o 81º DP e Milton está agora no 30º DP. Apesar de fontes da reportagem informarem que a cúpula da polícia estava insatisfeita com a investigação conduzida por Nelson, a SSP alegou que a troca foi administrativa.

Será usado um o scanner 3D a laser, terrestre. Além disso, drones vão fazer fotos aéreas e, depois, será feita uma animação para mostrar em detalhes como foi a batida.

Fiança de R$ 500 mil

A Polícia Civil já pediu duas vezes a prisão de Fernando à Justiça, que negou todos. Apesar disso, determinou que ele pagasse uma fiança de R$ 500 mil (para garantir futuros pagamentos de pedidos de indenizações à família de Ornaldo e a Marcus), além de suspender a carteira de motorista dele e obrigá-lo a entregar o passaporte na Polícia Federal (PF).

O Porsche dirigido pelo empresário custa mais de R$ 1,3 milhão.

Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim“, escreveu em seu Instagram, Luam Silva, filho do motorista por aplicativo Ornaldo, morto no acidente.

Fonte:G1

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