João Doria e a China: das privatizações aos métodos na quarentena
Na última segunda-feira, 6, o governador João Doria ampliou a quarentena no Estado de São Paulo para o dia 22 deste mês. Voltou à cena neste pronunciamento David Uip, coordenador do Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo. Uip esteve contaminado pelo vírus e já está curado. Não afirmou, no entanto, qual medicamento o curou, quando interrogado por Datena em uma entrevista no mesmo dia. A resposta pode trazer às pessoas esperança e otimismo, sentimentos mais do que necessários, neste momento de pânico. Um exemplo disso está na própria afirmação de Uip, onde afirma que, embora testada em poucos pacientes, a cloroquina apresentava um resultado positivo. O infectologista ainda diz que, se a adesão à quarentena não for de 70 por cento da população, o número de leitos não será suficiente em São Paulo. Talvez a utilização na população do remédio que curou o renomado especialista seria uma boa forma de evitar essa catástrofe no sistema de saúde estatal, e ainda evitar medidas propostas tão rigorosas.
Falando em catástrofes no sistema de saúde, se a Fundação para o Remédio Popular (FURP) estivesse com o caixa em dia, até certas medidas drásticas poderiam ter sido evitadas. Os contratos envolvendo a maior fabricante estatal de remédio do país estavam sendo investigados por uma CPI na ALESP, que apontou RS 56 milhões de prejuízos aos cofres públicos por corrupção na PPP entre a fundação e a companhia privada COM, envolvendo o então secretário de saúde Giovania Guido Cerri, entre 2011 e 2013 na gestão Alckmin.
Parece, apenas parece, que o modelo de gestão tucana é mais focado em privatizar com aqueles em que há intenções negociais comuns do que em outros assuntos mais urgentes. Em janeiro desse ano, o governador afirmou que os chineses seriam “agressivos” nas privatizações em São Paulo. Nos processos de privatizações há inclusive pretensões de venda da Sabesp, mesmo sendo uma empresa bem administrada, que produz bons resultados. Estranha-se muito o interesse da China Raiway Construction Corporation na Sabesp, com a qual o governo de São Paulo, em missão à China em 2019, firmou com aquela um protocolo de intenções, tendo como alvo disputas licitatórias do Trem Intercidades, Linha 6-Laranja, Metrô da capital, e despoluição do Rio Pinheiros.
Espera-se que, numa pandemia como ocorre, a população não reveja certas iniciativas voltando à tona, como foi a farinata nas merendas escolas, medida esta criticada por vários profissionais, da qual Doria só recuou após a repercussão polêmica afetar sua imagem de gestor impecável.