História que o povo conta

A cascavel e a largartixa

A cascavel vinha teimando com a lagartixa:
— Quem mata é o veneno!
E a lagartixa retrucava:
— Quem mata é o medo!
— É o veneno!
— Não! É o medo!
A discussão seguiu acalorada, enquanto elas caminhavam pelo caminho. Até que uma hora, a cascavel parou furiosa e disse:
— Então bora se esconder na beira da estrada pra tu ver!
— Agora! — respondeu a lagartixa.
Escolheram uma moita bem escura, pra garantir que ninguém as visse, e ficaram ali na beira da estrada, esperando passar alguém.
A lagartixa propôs:
— Tem um porém: eu mordo e você se apresenta!
E a cascavel concordou.
De repente, lá vem um homem com uma enxada no ombro, olhando pro céu e assobiando, todo distraído. O bobo pisou o pé bem pertinho da boca da lagartixa. Créu! A lagartixa cravou os dentes e se escondeu na moita. E a cascavel se apresentou, sacudindo seu chocalho.


Quando o homem viu o ferimento no pé e viu a cascavel, correu desesperado, com o coração acelerado, e ao tentar subir a ladeira, infartou e caiu durinho.
— Viu? — disse a lagartixa. — Eu não tenho veneno, e olha lá… tá morto!
A cascavel insistiu:
— Então bora esperar outro.
De repente, vem outro homem com uma foice no ombro e uma cabaça na mão, olhando pra cima, encantado com os pássaros. Distraído, pisou bem pertinho da boca da cascavel.
Créu! A cascavel cravou os dentes e se escondeu. E a lagartixa se apresentou.
O homem viu o ferimento no pé, olhou pra lagartixa, só deu um chute nela e disse:
— Olha, rapaz… não é que o diabo dessa lagartixa me mordeu?
E continuou a viagem assobiando, tranquilo, e ainda passou pelo outro homem que tava caído. Olhou, fez o sinal da cruz e disse:
— Graças a Deus não foi uma cobra que me mordeu, como mordeu esse aí.
Essa história simples que nossos avós contavam, carrega uma verdade poderosa e profunda: muitas vezes, o que nos destrói não é o que nos atinge, mas o que acreditamos que nos atingiu. O medo, alimentado pela imaginação, tem o poder de acelerar o coração, paralisar os passos e nos levar ao chão, mesmo quando o perigo é pequeno ou inexistente. O primeiro homem morreu não pela mordida, mas pela certeza de que estava condenado. Já o segundo, ao ver a lagartixa, não deu poder ao medo — e seguiu o caminho rindo e assobiando.

Quantas vezes na vida somos vencidos não pelo que aconteceu, mas pelo que pensamos que aconteceu? Quantos sonhos enterramos porque acreditamos que não éramos capazes, mesmo sem tentar? A verdadeira mordida, muitas vezes, vem da mente. E o antídoto está na forma como escolhemos enxergar as coisas. Quem não alimenta o medo, encontra força pra continuar mesmo com o pé machucado.

Nunca desista de um sonho sem antes tentar. Era isso que nossos avós queria nos ensinar através dessa história. compartilhe esse conhecimento valioso, e siga a página para mais histórias.

Escritor Isaías Bastos

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