Reflexão

Pai, eu chorei…

“Pai, preciso te contar uma coisa, mas promete que não vai ficar bravo…” — meu filho sussurrou, com a voz baixa, enquanto seus olhos fugiam dos meus. Naquele instante, meu coração apertou. Algo dentro de mim já sabia que o que viria não era algo simples para ele.

“Pode falar, filho. Estou te ouvindo.” — respondi com toda a calma que consegui reunir, mesmo sentindo um turbilhão por dentro.

Ele mexia as mãos nervosamente, tentando encontrar coragem para continuar. Depois de alguns segundos de silêncio, soltou num fio de voz:

“Hoje, na escola… eu chorei, na frente de todo mundo.”

Suas palavras vieram carregadas de vergonha, como se as lágrimas que derramou fossem um erro. Meu primeiro instinto foi abraçá-lo, protegê-lo de todo aquele sentimento, mas preferi ouvir até o fim.

“E por que você chorou, meu filho?” — perguntei, com o tom mais sereno possível.

Ele suspirou, encolhendo os ombros.

“O professor me chamou no meio da aula para resolver um problema no quadro… e eu travei, pai. Fiquei nervoso, minha cabeça ficou em branco. Todo mundo começou a rir, a me chamar de burro, de fraco… e eu não aguentei, as lágrimas caíram.”

Naquele momento, meu coração se partiu. Não há dor maior do que ver um filho duvidar do seu próprio valor por conta da crueldade alheia.

Então, olhei nos olhos dele e disse com firmeza:

“Filho, escuta bem o que vou te dizer, e guarda essas palavras para sempre: chorar não te torna menor, não te faz fraco. Pelo contrário, só quem é corajoso de verdade consegue aceitar e mostrar o que sente.”

“Quem diz que chorar é sinal de fraqueza, na verdade, não sabe lidar nem com as próprias emoções. Chorar é como limpar a alma, é o primeiro passo para se levantar de novo, mais forte.”

“Os homens mais sábios já choraram. Os mais valentes, também. Eu, seu pai, já chorei muitas vezes. Porque ser forte não é segurar a dor — é ter coragem de enfrentá-la, e isso começa quando permitimos que ela saia.”

Ele me olhou com um misto de surpresa e alívio, como se aquelas palavras tivessem libertado um peso que ele carregava.

Naquele momento, percebi que um simples gesto de acolhimento pode transformar o mundo de uma criança. Que nossos filhos não precisam de um mundo sem lágrimas, mas de um mundo onde sejam ensinados que elas não são um defeito — são um sinal de que estamos vivos, de que sentimos, de que temos coração.

Então, da próxima vez que teu filho chorar, não diga “engole o choro.” Diga: “Estou aqui.” Porque quando acolhemos as lágrimas, ensinamos coragem, e não fraqueza.

Fonte Facebook

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