“Vírus H1N2 detectado no Brasil não preocupa”, diz virologista da Fiocruz
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) informou à OMS (Organização Mundial da Saúde) que detectou um caso de doença respiratória provocado por uma variação do vírus influenza A H1N2, que é transmitido de porcos para humanos e tem potencial pandêmico. A infecção ocorreu em uma mulher de 22 anos, no mês de abril. Ela mora na cidade de Ibiporã, no Paraná e já está recuperada. Segundo a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo da Fiocruz a descoberta dessa variação do vírus no país não é preocupante. “Até o momento não foi confirmada a transmissão entre humanos do influenza A H1N2. Além disso, como o vírus se originou de mutações de outras cepas que já circularem aqui, grande parte da população possuí anticorpos que servem de proteção contra ele”, explicou Siqueira.
Até hoje, são conhecidos 26 casos de pessoas infectadas pelo influenza A H1N2 no mundo, reportados desde 2005 —sendo este do Paraná o segundo no Brasil. Todos os pacientes contraíram o vírus após contatos com porcos e a maioria apresentou doença branda. Porém, como trata-se de um vírus que tem potencial de causar pandemia ao sofrer alguma mutação e passar a ser transmitido por contato pessoal, todos os casos identificados devem ser reportados à OMS, como fez a Fiocruz.
“Mas é importante saber que qualquer influenza tem potencial pandêmico. A notificação ao descobrir uma variação do vírus ocorre pois o Brasil e a OMS possuem programas de controles que trabalham juntos para monitorar as cepas que estão circulando na população”, afirma Siqueira.
A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo da Fiocruz explica que conhecer os vírus circulantes é importante para definir quais serão as cepas presentes na vacina contra a gripe do próximo ano e garantir uma proteção adequada à população.
“O Brasil investe muito no controle do influenza, somos um dos países do mundo que mais oferece imunização gratuitamente para diferentes grupos. Por isso, precisamos monitorar o vírus e saber as cepas predominantes no país, para garantir que sejam sempre semelhantes às da vacina que será distribuída.”
Siqueira reforça que a descoberta dessa variação do influenza A H1N2 não deve preocupar a população e serve para mostrar que a rede de monitoramento do influenza no país funciona bem. “Mesmo em um cenário de pandemia do novo coronavírus, que gera sintomas que podem se confundir com o da gripe, conseguimos identificar uma variação do influenza. Isso é muito importante.”
Marilda Siqueira disse que o estado do Paraná vai seguir monitorando o vírus, principalmente na região de Ibiporã, e testar todas as pessoas que apresentam sintomas respiratórios para o coronavírus e o influenza. “A Fiocruz vai receber novas amostras para analisar e detectar as cepas circulantes no estado.”
Entenda o caso do Paraná
O Brasil entregou em 22 de junho um relatório preliminar sobre o caso à Opas (Opas). O documento descreve que a mulher de 22 anos, que trabalha em um matadouro de suínos, não tinha qualquer doença prévia e apresentou sintomas de gripe.
Ela procurou atendimento médico em 14 de abril e amostras de secreção respiratória foram coletadas dois dias depois, como parte de um monitoramento de rotina. Segundo a OMS, a paciente foi tratada com um medicamento antiviral, não precisou ser hospitalizada e se recuperou.
As secreções da paciente foram analisadas por um laboratório público paranaense, que não pode determinar o tipo de vírus influenza A detectado e encaminhou as amostras para a Fiocruz. Em 22 de junho, o instituto concluiu o sequenciamento genético do vírus, concluindo que se tratava da variação do influenza A H1N2.