Entregador preso após ser acusado e agredido por PM é solto em São Paulo
O entregador André Andrade Mezzeti, de 29 anos, acusado de roubo e agredido por pelo policial militar Felipe da Silva Joaquim, de 30 anos, foi solto na manhã desta quarta-feira (2). Ele estava preso há cinco dia no CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém, na zona leste de São Paulo.
Ele foi recebido por amigos e familiares que se emocionaram e aplaudiram a saída do entregador. “Ele tinha todo o direito de dúvida, realmente eu estava em uma rua parado, mas o certo era perguntar o que eu estava fazendo, se eu estava trabalhando, pedir o numero da pizzaria”, afirmou André.
“Mas, ele já chegou me acusando, perguntando: ‘você quer roubar quem? Você está fazendo o quê? Quer aprontar o que?”, relata o entregador. A Justiça de São Paulo determinou a soltura de André porque o advogado entrou com recurso e o Tribunal de Justiça acatou a decisão.
A juíza responsável pelo caso afirmou que há diversas informações conflitantes, uma vez que André não chegou a dar seu testemunho no momento do registro da ocorrência.
O caso
A Polícia Militar afastou o agente Felipe da Silva Joaquim, de 30 anos, do policiamento operacional, depois dele ter sido gravado agredindo o entregador André Andrade Mezzeti, de 29 anos, na zona norte de São Paulo, em meio à investigação que apura o episódio.
Na versão do PM, ele teria sido vítima de uma tentativa de assalto, e por isso reagiu com violência. Parentes e amigos do entregador questionaram a conduta do policial e dizem que houve abuso na abordagem.
Em imagens gravadas por uma moradora do local, o entregador aparece no chão enquanto o policial segura e aponta uma arma na direação dele. Em determinado momento, o agente pega o homem pela gola da camiseta e o arrasta até o muro de uma casa.
Em um outro trecho do vídeo, o André questiona a atitude do policial. Um homem de camiseta azul tenta intervir e o PM manda ele sair de perto. Pouco tempo depois, uma viatura da Polícia Militar chega e André é preso.
O entregador foi encaminhado para uma unidade de saúde com ferimentos na cabeça e só recebeu alta na manhã do dia seguinte, depois que o boletim de ocorrência havia sido registrado como tentativa de assalto.
O advogado do entregador, Paschoal Caruso, questionou a ação do policial e a forma como o boletim foi registrado. Segundo ele, no depoimento do PM consta que o policial viu André “em uma atitude suspeita” e voltou para abordá-lo quando o entregador fez “menção de sacar uma arma de fogo”. Caruso também afirma que o homem de camisa azul nas imagens chegou a ir à delegacia mas saiu sem prestar depoimento.
André trabalha como entregador em uma pizzaria da zona norte da capital e dá aulas de Jiu-Jitsu para crianças. O entregador tem antecedente criminal por receptação de carro em 2013. Porém, de acordo com o advogado, ele comprou o veículo sem saber que se tratava de um carro roubado.
André teve a prisão preventiva decretada e foi levado para o centro de detenção provisória do Belém, na zona leste de São Paulo. Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) informou que todas as circunstâncias estão sendo apuradas pela Polícia Civil. A corregedoria da Polícia Militar também vai participar da apuração.