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Como dona de revenda de veículos perdeu R$ 42 mil ao ser vítima de golpe em Porto Alegre

Documentos fraudados e falsos compradores para financiar um veículo. Foi nesta trama criada por golpistas que a proprietária de uma revenda na zona sul de Porto Alegre se viu envolvida há pouco mais de um mês. Os estelionatários, que procuraram a loja no fim de agosto para intermediar a negociação, desapareceram dias depois com R$ 42 mil. O resultado, além do prejuízo financeiro pela dívida que precisou assumir, é o trauma por ter sido ludibriada.  

O primeiro contato da revendedora —  que pediu para não ser identificada na reportagem — com os falsos compradores foi por telefone. Um jovem contou que o pai dele estava comprando um veículo de um amigo e, por isso, estava à procura de uma loja que intermediasse o pedido de financiamento.  

Bom de papo, o rapaz se apresentou na revenda acompanhado do suposto pai. Os dois diziam trabalhar com investimentos e residir na Capital. Contaram que pretendiam comprar um Cruze de R$ 66,7 mil de um morador de Passo Fundo, no Norte. Para isso, disseram que dariam a entrada em dinheiro e queriam financiar o restante.

—  Eram bem simpáticos, educados. Agiam como pai e filho. Ainda disseram que não queriam financiar o valor todo. Apenas os R$ 42 mil. Que tinham a entrada. Poderia ter sido pior  — relata a proprietária.  

Na primeira visita à loja, o falso comprador apresentou a documentação necessária para a negociação, incluindo Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em seu nome. Mais tarde, a proprietária descobriria que o documento havia sido adulterado, com a fotografia do estelionatário. Depois disso, o veículo foi levado pelos dois até a loja, onde foram feitas fotos e encaminhadas ao banco.  

 — O vendedor do carro nunca apareceu. Eles diziam que eram amigos. Acreditamos agora que ele trouxe aqui um veículo clonado (com as mesmas características do original, mas com placas adulteradas) — explica.  

A proprietária só percebeu que havia sido vítima de um golpe dias depois de ter repassado o valor para o suposto proprietário, por meio do banco que havia aprovado o financiamento. Ao receber a imagem da verdadeira CNH, teve certeza de que não se tratava do mesmo homem que esteve na loja. Os golpistas haviam usado os dados dele para criar documentos falsos.  

—  Chorei por três dias. Primeiro veio a raiva, depois passei a me sentir culpada, por ter sido enganada. Além do prejuízo financeiro, claro, com o qual vou ter que arcar. Nosso erro foi aceitar fazer a intermediação. Mas é algo que agora não faremos mais — diz.  

Investigação  

A revendedora registrou o caso na Polícia Civil. Segundo a delegada Áurea Regina Hoeppel, da 6ª Delegacia de Polícia, o fato está sendo investigado como estelionato e não é o primeiro registrado na região.

—  Já temos dois casos semelhantes. É um golpe bem conhecido. Não é novo na praça. Estamos apurando para identificar os envolvidos. Eles realmente usam falsificações muito benfeitas, ficam com o dinheiro do intermediário e desaparecem — afirma.  

Sobre os cuidados para evitar esse tipo de golpe, a delegada orienta a ter atenção redobrada com os documentos, procurar apurar a origem da negociação e o histórico das pessoas envolvidas nela.  

—  Antes de qualquer negócio, faça todas as investigações possíveis. É preciso se certificar de que aquela é mesmo a pessoa. Conferir a documentação. E a dica principal é não ter pressa na negociação. Golpistas sempre querem fechar o negócio rápido. Eles têm uma lábia muito grande. As pessoas com medo e pressa de fechar o negócio, acabam caindo —  afirma.  

Presidente da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores do Rio Grande do Sul, Rodrigo Dotto orienta as revendas a não fazerem intermediação para pessoas desconhecidas, que não possuem vínculo como cliente da loja. Quando for feito, afirma que o ideal é realizar o depósito na conta do proprietário do veículo e não de terceiros. Também reforça a necessidade de conferir a documentação apresentada.

Entenda o golpe

  • Os estelionatáriosprocuraram a revenda informando que queriam comprar um veículo de um amigo — o automóvel não tinha vínculo com a loja.  
  • A revenda seria a responsável por intermediar o pedido financiamento, em troca de 3,6% do valor da negociação.  
  • A loja encaminhou o pedido de financiamento para o banco com o qual trabalha. Os golpistas se apresentaram com nomes e documentos falsos. Por isso, o financiamento foi feito em nome de uma terceira pessoa, sem vínculo com o golpe, que teve os dados usados pelos golpistas. 
  • Após o crédito ser aprovado, a revenda recebeu o valor do financiamento — R$ 42 mil  —  e repassou para uma conta indicada pelos falsos compradores.  
  • O golpe foi descoberto quando o dono do carro percebeu que seu veículo havia sido alienado (como garantia pelo financiamento) e  informou a agência que não havia feito pedido de crédito.
  • Após o golpe, a revendedora não conseguiu mais contato com os falsos compradores. Como foi responsável por intermediar a negociação e os documentos eram falsos, ela assumiu o prejuízo. 

Fonte: Gauchazh

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