‘Será um grande erro não investir no Brasil’, diz Paulo Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira (20) que investidores internacionais deveriam manter ativos no país, aguardando efeitos das reformas estruturais que o governo promete dar seguimento em 2021. “Será um grande erro não investir no Brasil”, disse.
Em conferência do Milken Institute, ele afirmou também que não haverá aumento da carga tributária no país, pois haverá apenas um remanejamento de impostos “inadequados”.
“Não vamos aumentar impostos, e vamos reduzir juros corporativos. Nos Estados Unidos, derruba-se os impostos de empresas enquanto se taxa dividendos. Aqui, paga-se zero em dividendos e isso não é razoável”, disse Guedes.
“O que faremos é deixar o sistema parecido com o dos Estados Unidos: mais impostos nos dividendos e menos para empresas”, explicou.
Em um paralelo com governos liberais, Guedes comparou seus planos aos de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, e Margaret Thatcher, no Reino Unido.
O ministro também tentou tranquilizar investidores com relação à governança no país. Segundo Guedes, houve “muito barulho” durante as eleições de 2018 a respeito de autoritarismo por parte do então candidato Jair Bolsonaro, mas que o governo se provou democrático.
“Estamos há um ano e meio sem corrupção no país. É como se fosse um século!”, disse.
Sobre ameaças de furar o teto de gastos, medida que limita aumento das despesas e considerada âncora fiscal por investidores, Guedes colocou no Ministério da Economia o papel de segurar a euforia do governo, inclusive em relação à popularidade de Bolsonaro.
“Ele quer ser herói, mas nosso papel é segurá-lo abaixo do teto de gastos”, disse. “É por isso que saí brigando com meus colegas [de governo], não há hipótese de abandonarmos essa agenda.”
Amazônia
Paulo Guedes foi questionado sobre a questão ambiental no Brasil e seu impacto na entrada de investimentos. Como mostrou o G1, o Brasil sofreu fuga recorde de capital estrangeiro em 2020 e as queimadas na Amazônia agravaram a situação.
Para Guedes, o país vem sendo “mal interpretado”. No passado, disse, foi importante “ocupar território” e essa política é mal vista até hoje. Para ele, o ponto de melhoria é reavaliar iniciativas econômicas envolvendo a floresta.
“Nossa bandeira é verde e amarela, somos verdes, temos as matrizes energéticas mais verdes do mundo”, disse o ministro.
“Temos um problema enorme [de controle da região] porque é um território maior que a Europa. Tentamos arrumar ajuda para melhorar o problema, mas fica a impressão que estamos oprimindo índios. Não é justo com o Brasil’, afirmou.
O ministro prossegue: “Brinco com meus amigos americanos que, nos Estados Unidos, vocês erradicaram os índios por ouro. Agradecemos a preocupação de vocês, mas ninguém é tão generoso com a população nativa como nós.”
Guedes, então, afirma que gostaria de transformar a Amazônia em um “paraíso de biodiversidade”.
“Os americanos transformaram o deserto de Nevada na capital do entretenimento, temos que transformar Manaus na capital de economia verde”, disse.
“Podemos fazer isso, é uma questão de incentivo. Vamos fazer politicas para preservar e transformar a região. O que fazemos hoje é subsidiar plantas fabris para povoar a floresta. Isso não está certo. É um grande erro, mas não podemos removê-los de lá.”
Reforma tributária
Guedes, novamente, não deu detalhes sobre a reforma tributária que pretende encaminhar ao Congresso. Até o momento, foi enviada apenas uma proposta fatiada de integração do PIS e Cofins em um único tributo, a CBS.
Na semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou em entrevista à GloboNews que acredita em um acordo entre o Congresso Nacional e o governo, ainda este ano, para fechar a proposta da reforma tributária.
“Na [reforma] tributária, temos uma harmonia no Congresso e uma divergência com o governo. O governo só encaminhou sua proposta em relação a [imposto sobre] bens e serviços no meio da pandemia, o projeto do CBS, que é muito bom”, declarou Maia.
“Acho que a gente tem condição ainda de construir um texto da reforma tributária. Ele está muito bem encaminhado na casa, eu sinto a vontade dos parlamentares, deputados e senadores”, prosseguiu.
Fonte: G1