Gênero, negócios e as mulheres que empreendem na periferia de Barueri
O empreendedorismo feminino nas periferias brasileiras tem se mostrado uma força motriz para a economia local, especialmente em cidades como Barueri. As mulheres que empreendem nessas regiões enfrentam desafios únicos, mas também demonstram uma resiliência admirável. Este artigo explora a realidade dessas mulheres, destacando a importância de políticas públicas e ações afirmativas para promover seu crescimento pessoal e socioeconômico.
Tenho andado pelo comércio local da periferia de Barueri e o que mais vejo são mulheres donas de seus próprios negócios, lutando diariamente para sustentar suas famílias e manter suas empresas de pé. No entanto, é evidente a falta de políticas públicas que fomentem o comércio local e ofereçam o suporte necessário para que essas empreendedoras possam prosperar. Essas mulheres, muitas vezes abandonadas pelo sistema, precisam de ações concretas que promovam seu crescimento e garantam uma vida digna, fortalecendo não apenas seus negócios, mas também sua autoestima e protagonismo na comunidade.
O rosto da pobreza ainda é o da mulher
A redução do número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza ainda tem um rosto predominantemente feminino. A crise do COVID-19 exacerbou essa realidade, afetando homens e mulheres de maneira desigual. Dados mostram que as mulheres foram mais impactadas pela perda de empregos e pela necessidade de cuidar de familiares doentes, o que aumentou a pressão sobre elas para encontrar alternativas de renda.
A periferia de Barueri, assim como muitas outras no Brasil, movimenta uma parte significativa da economia local. O empreendedorismo por necessidade tem crescido, com muitas mulheres iniciando negócios para sustentar suas famílias, visto que a desigualdade no mercado de trabalho ainda é latente, e essas mulheres encontram no empreendedorismo uma forma de sobrevivência.
Segundo dados recentes da Prefeitura de Barueri, o número de mulheres empreendedoras na periferia tem aumentado significativamente. Em 2022, cerca de 60% dos novos negócios registrados na cidade foram iniciados por mulheres, sendo a maioria delas residentes em áreas periféricas. Esses negócios variam desde pequenas lojas de roupas até serviços de beleza e alimentação.
Para que essas mulheres possam realmente transformar suas vidas e suas comunidades, é essencial que existam políticas públicas humanizadas que ofereçam suporte e acolhimento. Elas precisam ser ouvidas.
Ações afirmativas são necessárias para:
Fortalecimento Pessoal: programas de capacitação e desenvolvimento pessoal que ajudem essas mulheres a se enxergarem como protagonistas de suas próprias jornadas.
Inclusão Produtiva: iniciativas que promovam a inclusão dessas mulheres no mercado de trabalho formal e informal, oferecendo subsídios e ferramentas para expandirem seus negócios.
Apoio Financeiro: acesso a microcréditos e financiamentos com condições favoráveis para que possam investir em seus empreendimentos.
Rede de Apoio: criação de redes de apoio e mentorias que ofereçam orientação e suporte emocional.
O fortalecimento do empreendedorismo feminino na periferia de Barueri não é apenas uma questão econômica, mas também de justiça social. Essas mulheres precisam de mais do que apenas oportunidades de negócios; elas precisam de políticas públicas que as apoiem em todas as esferas de suas vidas. Ao investir no potencial empreendedor dessas mulheres, estamos transformando suas realidades, mas também inspirando futuras gerações a seguir seus sonhos e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de suas comunidades.
Gaby Morais – estrategista política e referência em representatividade feminina. Especialista em capacitar e qualificar mulheres para a política. Especializada em Inteligência Estratégica, mestre em Marketing Político e Campanhas Eleitorais pela Universidade de Alcalá, na Espanha, com MBA em Gestão Pública. Sou criadora do PodCast Voz da Vez, que debate o olhar mais humano para o futuro através da perspectiva feminina.
Fonte:Jornal Digital da Região