Vida pós-pandemia: propostas para a nova realidade
É preciso pensar no amanhã. Embora a prioridade do momento seja estudar medicamentos, testar vacinas e adotar hábitos que contenham a propagação do coronavírus a curto prazo, pesquisadores, estudantes e especialistas de Curitiba já investigam, também, estratégias de adaptação à vida pós-pandemia.
Com a experiência de se viver uma pandemia, é possível refletir sobre as questões práticas e os valores sociais que foram ressignificados. Cristina Alessi, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, pontua um fato relevante para iniciar este debate.
“Antes mesmo do coronavírus existia a necessidade dos empreendedores de compreender o universo digital. O isolamento social, o home office [rotina caseira de trabalho] e a importância da geração de conteúdo on-line nos estimularam a apoiar. Fizemos mais de cinquenta eventos on-line, como palestras e parcerias em desenvolvimentos de plataformas. Muitos desses conteúdos estavam focados nas temáticas de finanças e marketing digital”, conta Cristina.
“Na pós-pandemia, acredito que haverá um ‘novo normal’ das empresas com às relações on-line. O diálogo que iniciamos não só serviu para sanar crises no presente, como será útil futuramente, sem a covid-19”, enfatiza.
A Agência também promove o Pitch Live – Vale do Pinhão, uma competição entre startups (pequenas empresas em iniciação). Elas serão avaliadas à distância (on-line) e as três empresas finalistas receberão investimentos em seus projetos. As inscrições estão encerradas.
Totem termômetro
Nem tudo é sobre Economia e Empreendedorismo. O diretor do setor de Ciências Exatas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcos Sunye, organiza e direciona iniciativas de pesquisadores do setor às práticas sociais pós-pandemia.
Um dos protótipos é um totem capaz de detectar a temperatura das pessoas, sem a necessidade de contato físico. O panorama é um retorno seguro às aulas presenciais. “A tecnologia pode ser aplicada aos ambientes para a prevenção de contaminação. Devemos usá-la como aliada, e isso vem sendo estudado no departamento de Informática da universidade”, explica o diretor.
Também já foi desenvolvido um Manual de Boas Práticas, que deve ser aplicado no momento de retorno gradativo das atividades presenciais na universidade. “Este manual foi elaborado pelo departamento de Enfermagem e pelo setor de Ciências Exatas com o intuito de adaptar as salas de aula e laboratórios às medidas de segurança, dentre outras práticas coletivas e individuais.”
Além disso, o Departamento de Química da universidade, em parceria com a Polícia Científica do Paraná, examina amostras possivelmente falsificadas de álcool em gel, desenvolvendo novas técnicas de detecção. “O combate à covid-19 é uma ação de natureza interdisciplinar, que envolve as várias competências do Setor de Exatas, como Estatística, Matemática, Computação, Química, Física e Expressão Gráfica”, avalia Sunye.
Spray e tinta antivirais
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também trabalha com projetos pós-pandemia, ambos em fase de testes. O primeiro, em parceria com a TNS Nanotecnologia, trata-se de um spray que protege superfícies contra o coronavírus. Ele cria uma camada de proteção com nanopartículas, que reagem até 48 horas. A ideia é promover uma proteção de fácil manuseio, mais durável e eficiente do que o álcool em gel.
O spray, que dever ficar pronto em seis meses, poderá ser usado em maçanetas, mesas e bancadas, balcões de atendimento, corrimãos de escadas e corredores, entre outros. No produto, serão utilizadas diferentes tecnologias para a ancoragem das nanopartículas de prata, tornando superfícies comuns em superfícies capazes de inativar o coronavírus.
“O uso desse produto reduz a capacidade de transmissão do vírus. Além disso, pensando na usabilidade, levamos em consideração a importância de ser um produto não tóxico, que seja de fácil aplicação e acesso à população”, explica a pesquisadora Agne de Carvalho Jorge, responsável técnica pelo projeto.
Outro produto desenvolvido pela Senai, em parceria com a Renner Hermann, é uma tinta com propriedades antivirais, que deve inativar o vírus da SARS-CoV-2 em caso de contato com a superfície coberta pelo produto. A ideia é usá-la em hospitais, que, em alguns casos, já usam tintas antibactericidas. Mas o produto também poderá ser vendido a órgãos do governo e à sociedade.
Telemedicina
Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) há estudos voltados para as práticas médicas, especialmente acerca das tecnologias utilizadas para o atendimento remoto: a chamada Telemedicina. A nova técnica divide opiniões médicas. Um estudo do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da universidade pretende avaliar de que forma a Telemedicina pode auxiliar durante e depois da pandemia.
Fonte: Plural