Homenagem

Bento XVI, primeiro papa a renunciar em seis séculos, morre aos 95 anos

Pontífice emérito vivia recluso no Vaticano desde que deixou o trono de São Pedro, em 2013

Primeiro pontífice da Igreja Católica a renunciar em 600 anos, o papa emérito Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos. Nascido Joseph Aloisius Ratzinger, ele estava “muito doente”, como indicou seu sucessor, o papa Francisco, ao pedir orações ao antecessor em uma audiência geral na quarta-feira (28). As causas da morte ainda não foram divulgadas.

“Com pesar, informo que o Papa Emérito, Bento XVI, faleceu hoje às 9h34 no mosteiro Mater Ecclesiae. Mais informações serão fornecidas assim que possível”, anunciou o Vaticano  em um comunicado.

Bento XVI renunciou ao papado em 2013 e, desde então, vivia afastado do olhar público. As poucas fotografias publicadas do papa emérito mostram que sua saúde piorou nos últimos anos. Há alguns meses, o secretário de longa data de Bento XVI, o arcebispo Georg Gaenswein, disse ao Vatican News que o papa emérito estava “relativamente fraco”, embora “de bom humor”.

Trajetória de vida

Bento XVI nasceu em 1927 no município alemão de Marktl am Inn, na Baviera, batizado Joseph Aloisius Ratzinger. 

Mudou de cidade na infância algumas vezes durante o regime nazista, ao qual seu pai era contrário. Em 1941, um dos primos de Ratzinger, um menino de 14 anos que tinha síndrome de Down, foi morto pelos nazistas durante a campanha eugênica.

Ainda em 1941, aos 14 anos e já seminarista, Ratzinger foi obrigado a se incorporar à Juventude Hitlerista. Em 1943, com 16, foi incorporado também de forma compulsória ao exército alemão, atuando em uma divisão de defesa antiaérea perto de Munique. Ficaria prestando serviços militares até a rendição alemã, em 1945, quando já estava com 18 anos.

Depois do fim da guerra, Ratzinger voltou a se concentrar em suas atividades ligadas à religião. Ao lado do irmão, Georg Ratzinger, foram ambos ordenados sacerdotes pelo Cardeal Faulhaber, Arcebispo de Munique, em 1951.

Estudioso e com uma longa carreira acadêmica, Joseph Ratzinger concluiu doutorado em Teologia. Posteriormente, lecionou a matéria em universidades de Freinsing, Bonn, Münster, Tubinga e Ratisbona. 

Em março de 1977, Ratzinger foi nomeado arcebispo de Munique e Frisinga pelo papa Paulo VI, e elevado a cardeal em junho do mesmo ano. Ele participou do conclave de 1978 que elegeu o papa João Paulo I, assim como do conclave de outubro daquele mesmo ano, que resultou na eleição de João Paulo II.

Aos 78 anos, em 19 de abril de 2005, o então cardeal Joseph Ratzinger foi eleito papa pelo colégio de cardeais, assumindo no lugar de João Paulo II, falecido no dia 2 daquele mês. No dia 24, tomou posse em cerimônia na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Foi o primeiro papa a escolher o nome Bento desde o italiano Giacomo della Chiesa, que foi o líder máximo da Igreja Católica entre 1914 e 1922. Neste período, Bento XV tentou negociar a paz durante a Primeira Guerra Mundial.

Entre 9 e 13 de maio de 2007, Bento XVI visitou o Brasil. Ele esteve na abertura da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, no Santuário de Aparecida, em São Paulo. Durante essa sua passagem pelo país, ocorreu a canonização do Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, em cerimônia realizada no dia 11 de maio de 2007 na capital paulista.

Em seu período como papa, Bento XVI foi visto como uma figura autoritária e com uma visão conservadora da Igreja Católica. Seu papado, principalmente nos primeiros anos, foi marcado por ofensas a homossexuais e muçulmanos, que geraram críticas as suas posições no mundo inteiro. 

Entre 2009 e 2010, ocorreram denúncias de pedofilia à Igreja Católica, dando conta de que o próprio Vaticano teria sido cúmplice de inúmeros casos, buscando esconder evidências e proteger os envolvidos. Apesar de ser um dos acusados de não lidar adequadamente com alguns desses casos enquanto era arcebispo de Munique, Bento XVI, durante o seu papado, reconheceu o que chamou de “pecados de dentro da Igreja”, chegando a se encontrar com vítimas e emitir pedidos de desculpas oficiais.  

Já no final de seu papado, em 2012, veio à tona o escândalo batizado de Vatileaks, que acusava a existência de diversos atos de corrupção dentro da Igreja Católica. Em fevereiro de 2013, já com a sua imagem pública desgastada, Bento XVI se tornou o primeiro papa a renunciar ao cargo desde Gregório XII em 1415. 

Ratzinger alegou fragilidade física e problemas de saúde para deixar o cargo de líder máximo da igreja, sendo substituído pelo argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. Após a renúncia, viveu temporariamente em uma residência em Castel Gandolfo, na Itália, até se mudar definitivamente para um monastério no Vaticano. 

Em 2020, após um jornal alemão publicar que a saúde de Ratzinger estaria “extremamente frágil”, o secretário pessoal de Bento XVI, Georg Gänswein, afirmou que “as condições de saúde do papa emérito não eram motivo de preocupação para além das de uma pessoa de 93 anos que está superando a fase aguda de uma doença dolorosa, mas não grave”.

O jornal Passauer Neue Presse havia revelado que Joseph Ratzinger sofre de erisipela no rosto, uma doença caracterizada por inchaço e vermelhidão que causam coceira e dores intensas. O jornal citou como fonte o biógrafo de Ratzinger, Peter Seewald, para quem “a capacidade intelectual e a memória (de Bento XVI) não estão afetadas, mas a voz é quase inaudível”. Em 2021, Ratzinger foi vacinado contra a covid-19, assim como o papa Francisco

Fonte: Gauchaz

Um comentário sobre “Bento XVI, primeiro papa a renunciar em seis séculos, morre aos 95 anos

  • Fui deposto, e amordaçado pelo sistema afim de que um satanista comunista assumisse a santa sé. Este atual papa é silencioso ao falar da morte de cristão pelo regime comunista de todos os países. Os outros papas representaram bem o cristianismo no mundo. Esse é um insano manipulado pela ideologia dos Georges Sorry da vida.

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