Reflexão

A morte de um verdadeiro amigo

Aquele cachorro velho, sujo, que cheira ruim e além de tudo isso late quando você chega, ou quando pensa em sair da sua casa. Aquele vira lata feio, que manca e que perdeu parte da orelha em uma briga com um cachorro maior, aquele monte de pulgas que você alimenta às vezes quando do seu prato sobra algum resto. Aquele cachorro feio e sem utilidade que você até pedra atirou nele quando bêbado estava e ele latiu pra você, latiu feliz em revê-lo, mas você achou que ele o atacava… Então, ele, aquele traste de cachorro morreu hoje à tarde, esperou você voltar do bar, e novamente o encontrou caído e bêbado na calçada em frente a sua casa e ele do seu lado ficou até proteger você do carro do seu vizinho, aquele vizinho que bebe com você… Pois é ele ia te atropelar, mas seu cachorro entrou na frente e morreu ao te salvar… Pronto, acabou o seu tormento, viva a sua solidão em paz; assim eu disse a ele.
Depois de alguns dias, envergonhado ele veio falar comigo:

  • Eu não imaginava o quanto aquele bicho me faria falta, jamais pensei que era amor o que sentia por ele, que a sua falta me atormentaria tanto durante todos os dias, eu o amava, e agora eu sei que ele sentia o mesmo por mim, a ponto de dar a sua vida por essa minha que nada vale… sou um fantasma, ninguém me percebe, vivo com minha culpa por não ter retribuído em nenhum momento o amor e a atenção que recebia daquele cão…

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