Reflexão

Experiência Humana

Esta experiência humana não se trata de escolher um lado que precise defender e sim de se reconhecer um com tudo (especialmente com aquilo que mais te desafia)

Não é uma história de pobres contra ricos, direita contra esquerda, homens contra mulheres, cristãos contra muçulmanos, brancos contra negros, conservadores contra vanguardistas, ateus contra religiosos, materialistas contra espiritualistas, o bem contra o mal, nós contra eles, os “espertos” contra os “ingênuos” ou “eu” contra “você”. Tudo isso, meu querido, é a armadilha da qual você precisa se libertar, a roda do ratinho (ou de Samsara se preferir) que nos deixou atordoados e girando no velho paradigma de medo, divisão e guerra incessante contra algo ou alguém, presos na inconsciência de nossa verdadeira natureza, na identificação com o sonho de separação e com a ilusão de dualidade de um sujeito que percebe como sendo separado daquilo percebido por ele.

Esta experiência humana trata-se, basicamente, de encontrar a unidade com tudo, o ponto de reencontro, reconciliação e reequilíbrio com todas estas forças, o caminho do meio que reconcilia as várias facetas da existência. Trata-se de perceber que os supostos opostos são graduações da mesma energia, e que os extremos são, na verdade, faces da mesma moeda numa dimensão onde tudo parece ser dual quando em verdade é uma coisa só.

Assim que você descobrir quem você É de verdade, saberá que não tem nada a perder realmente, e por isso já não temerá; por conseguinte não atacará nem se defenderá por temor a ilusões, recordará que aquilo que te pertence é eterno e imutável. Poderá, por fim, abaixar as armas, pois, ao final, ao que realmente estaria reagindo aquele que venceu o mundo?

O que você teme perder não passa de uma ilusão de dualidade num vão intento de separação dos outros produto da identificação com uma identidade ilusória. Esse é o seu apego. Esse é o pensamento de medo gerado pelo seu ego. Esse é o desafio que você precisará superar para expandir a consciência relembrando a verdade imutável da sua própria essência, fonte e substância.

Pergunte a si mesmo o que o amor faria em cada circunstância, meu querido. O amor é a força que une, que atrai, que conserta, que cola, que consola, que encaixa, que preenche, que aumenta, que inclui. O medo é a força que divide, que machuca, que separa, que destrói, que diminui, que rejeita, mas aquilo que tudo aceita e perdoa não tem opostos, portanto dilui o medo demostrando que ele é apenas uma ideia, e que o amor, em verdade, não é o seu oposto mas sim o seu remédio.

O ser crístico reconhece que Ele está no hippie, no empresário de terno, no pedinte da rua, no muçulmano, no peruano, no negro, no branco, no amarelo, no verde (👽), na mulher, no gay, no tatuado, na criança, naquele que “erra” e também naquele que “acerta”, no seu “inimigo” e no seu melhor amigo, naquele que pensa como si mesmo e também naquele que lhe irrita e lhe reflete como um ótimo espelho do seu inconsciente não curado, no Mestre evidente que lhe ensina com amor e no Mestre camuflado que lhe ensina pela dor.

Cristo é Uno, UM com todos, pois transcende a separação ilusória deste mundo. As “formas” são a garrafa, mas o que realmente importa é o conteúdo e esse é sempre o mesmo: luz crística! Quantos mais precisarão ainda bater na tua porta e você os rejeitará porque está com a janta pronta para receber O Mestre, mas ainda não o reconheceste cada vez que te procurou vestido como um dos teus irmãos que veio ensinar uma lição importante?

Se continuares a esperar por uma identidade, corpo ou uma personalidade que se adapte às tuas crenças, preconceitos e expectativas ilusórias ainda não estarás pronto para perceber que O Cristo já chegou e continua esperando você abrir a porta.

Samantha Iara Concolino – Assê

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