O morador das montanhas
“Todos os dias, o morador das montanhas saía de casa para buscar água em um poço bem distante.
Ele carregava uma vara de bambu sobre os ombros com dois baldes pendurados nas pontas. Um dos baldes continha um furo, enquanto o outro estava perfeito.
Quando chegava em casa, depois de sua longa e penosa caminhada, o velhinho observava que um dos baldes sempre estava cheio, enquanto o outro vinha com pouca quantidade de água.
Durante meses, ao fim de cada viagem, o velhinho flagrou o balde perfeito orgulhoso, se gabando das suas façanhas. Fazia seu trabalho com perfeição!
Mas também via o balde furado envergonhado, por ser incapaz de realizar seu trabalho a contento.
Nesse dia, já a beira do poço, o balde furado resolveu desculpar-se com o dono:
- “Estou envergonhado, e quero pedir desculpas!”
- “Desculpar-se por quê”?perguntou o bom homem.
- “Nestes anos todos, nunca consegui chegar cheio em casa. Durante muito tempo, esse meu defeito fez que quase toda água vazasse e fosse desperdiçada pelo caminho”.
O velhinho, cheio de compreensão, disse-lhe: - “Hoje, quando voltarmos para casa, quero que você preste muita atenção ao longo do nosso caminho”.
À medida que o velhinho subia a montanha, o balde furado foi percebendo uma linda trilha de flores à beira do caminho. Maravilhado, constatou que nunca tinha reparado na existência delas.
Contudo, ao fim da viagem, percebendo ter deixado a água vazar outra vez, desculpou-se alegando ser de fato um imprestável.
Com voz agradecida, o velhinho, por fim, explicou ao balde: - “Hoje você notou que ao longo do caminho havia uma trilha de flores, esse caminho florido foi você quem fez!
O que me pareceu ser um grave defeito, olhando com calma, vi que era, na verdade, uma bênção para todos os que passam por aqui…”
O que superficialmente imaginamos ser uma falha em alguém, pode ser uma grande bênção na vida de muitos outros.”
Conto budista
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