QUADRILHA PRESA FEZ ‘INÚMERAS TROCAS DE MALAS’ EM AEROPORTO PARA TRAFICAR DROGA: ‘O BRAÇO DE GUARULHOS FOI DESMANTELADO’, DIZ DELEGADO DA PF
Operação da PF prendeu 16 pessoas nesta terça-feira (18).
A quadrilha presa durante a operação da Polícia Federal, na manhã desta terça-feira (18), é apontada por ser a responsável por diversas trocas de malas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com o objetivo de traficar cocaína para o exterior, principalmente para países da Europa.
A ação desta terça cumpriu 14 mandados de prisão temporária, dois mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão nas cidades de Guarulhos e São Paulo. Dois homens com mandados de prisão temporária seguem foragidos.
“Acreditamos que o braço de Guarulhos que fazia o link para a Europa tomou golpe duro e foi desmantelado hoje. Os presos executores dos crimes, que atuavam no aeroporto, eram funcionários do aeroporto. Das seis primeiras pessoas que foram presas na operação, uma confessou e cinco negaram. Duas mulheres que atuaram na área do check-in falso também foram presas. Durante a ação, teve homem que tentou se desfazer dos celulares, mas acreditamos que vamos conseguir pegar as informações”, ressaltou o delegado Felié Faé Lavareda, da PF, durante coletiva de imprensa.
Preso durante operação da PF contra quadrilha que trocava malas em aeroporto de SP — Foto: TV Globo
O delegado ressaltou que, durante a investigação, os policiais conseguiram comprovar a relação dos integrantes da quadrilha no esquema de tráfico internacional de drogas que levou para a cadeia as brasileiras Jeanne Paollini e Kátyna Baía, em março deste ano. As duas ficaram 38 dias presas depois que policiais em Frankfurt encontraram cocaína nas bagagens.
Além do caso das brasileiras, o grupo foi apontado como responsável pelo envio de droga para a França, em 3 de março deste ano, e outro envio de mala para Portugal, em outubro de 2022. Contudo, a polícia tem informação de que diversos envios de cocaína foram feitos através do esquema no aeroporto.
“Nos três casos temos a materialidade, temos a droga. Mas temos a informação de que esse grupo é responsável por inúmeros outros[casos], só que não temos a materialidade porque, muitas vezes, passou. Mas temos quebra de protocolo, conversa de tal dia que fala ‘ vamos colocar tal mala’. No caso da França, a dona da mala viu a mala dela e não deu em nada, nem percebeu que estava sem etiqueta. No caso da Alemanha foi diferente. A polícia pegou antes a mala e viu o nome nas etiquetas”.
“Eles só querem a etiqueta para colocar a mala com droga para entrar no avião. A mala da pessoa, às vezes, se perde ou vai normal. A pessoa pega e nem se dá conta que está sem etiqueta”, explica.
Operação da Polícia Federal em São Paulo e Guarulhos — Foto: Divulgação/PF
Como o grupo agia?
Conforme o delegado, os integrantes formavam um grupo de quem estaria atuando no aeroporto no dia do voo para o local que eles queriam enviar a droga. Os mandantes não trabalhavam no aeroporto.
“Eles simulavam o check-in de bagagem no terminal nacional. Aí a droga era enviada até a área restrita do aeroporto. Lá dentro, alguém pegava essa droga, desviava pro setor internacional e lá no setor internacional essa droga era clandestinamente introduzida na aeronave para ir ao destino, geralmente na Europa”.
“Na Europa tem outro grupo que faz a mesma coisa para a retirada. Eles têm um grupo que atua no aeroporto de destino. Eles já tiram a mala do porão do avião, ou no caminho da esteira ou antes mesmo de chegar na esteira. E ainda tem casos que a mala fica escondida no avião e é retirada no outro dia’, ressalta.
Aliciamento
Ainda conforme o delegado, os funcionários que trabalham na área restrita são aliciados pelo crime organizado para trabalharem no esquema de tráfico internacional de drogas.
“Pessoal que trabalha no check-in e em toda a cadeia que trabalha na parte restrita, como quem dirige os tratores, quem carrega a mala na parte na área restrita, todas aquelas funções são cotadas para traficar pelos criminosos”.
Depois de março, foi proibido o uso de celular na área restrita do aeroporto. “Isso já deu uma diminuída. Outros casos de tráfico, desde a primeira fase, não linkamos com esse grupo. Mas com o material apreendido, podemos linkar com esse grupo. Estamos sempre trabalhando para melhorar a segurança do aeroporto”.
Presas injustamente
A viagem de 20 dias pela Europa das goianas Jeanne Paolline e Kátyna Baía acabou em prisão por tráfico internacional de drogas em 5 de março deste ano, horas antes de elas desembarcarem em Berlim, capital da Alemanha. O país seria o primeiro que elas iriam visitar, antes de seguirem para Bélgica e República Tcheca.
Uma irmã de Kátynahavia contado que elas planejaram a viagem com antecedência. O objetivo dos dias pela Europa era celebrar um novo momento da vida profissional dela.
Malas de brasileiras presas na Alemanha foram trocadas em São Paulo, segundo a PF de Goiás — Foto: Reprodução/Encontro
A prisão do casal em Frankfurt, a última conexão que faria antes de Berlim, motivou uma operação da Polícia Federal para descobrir o que aconteceu com as malas que foram despachadas em Goiânia e nunca chegaram ao país europeu.
Em Frankfurt, a polícia apreendeu no bagageiro do avião duas malas com 20kg de cocaína cada, etiquetadas com os nomes de Jeanne e Kátyna. A prisão aconteceu na fila de embarque da conexão, sem que elas pudessem ter visto as malas.
A Polícia Federal começou a investigar o caso e disse que elas eram inocentes. Vídeos apurados pela PF mostram quando duas mulheres chegaram ao aeroporto de São Paulo , despacharam as malas com droga que levaram as brasileiras à prisão e foram embora em 3 minutos.
As imagens das câmeras de seguranças do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mostram o desembarque de duas malas, uma branca e uma preta, diferentes das malas onde foram encontradas a droga na Alemanha.
As malas foram despachadas no aeroporto goiano, mas no meio do caminho, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o maior do Brasil, as etiquetas foram trocadas por funcionários terceirizados que cuidavam das bagagens.
Segundo a Polícia Federal, nas escalas internacionais, o passageiro despacha a mala no aeroporto de origem e só pega de volta no destino final, ou seja, Jeanne e Kátyna nem viram a troca das bagagens e das etiquetas.
Fonte: JACidade