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Sobrinho de cadeirante jogado de viaduto em Bauru fala sobre crueldade do crime: ‘Não tinha como se defender’

O sobrinho do cadeirante Luiz Antônio Barreto, que morreu nesta quinta-feira (29) após ser jogado de cima de um viaduto durante uma suposta tentativa de assalto, em Bauru (SP), lamentou a crueldade com que seu tio foi assassinado.

Segundo o vendedor Maycon Barreto, de 24 anos, o tio, que tinha quatro filhos e três netos, vivia nas ruas por conta de problemas com vícios de álcool e drogas. Ele contou que Luiz Antônio perdeu as duas pernas há 14 anos em um acidente na linha do trem que corta a região central de Bauru.

Maycon, que trabalha numa loja de roupas na região central da cidade, disse que mesmo o tio tendo força nos braços por conta dos vários anos empurrando sua cadeira de rodas, suas chances de defesa diante do ataque eram mínimas.

“Ele [Luiz Antônio] sem dúvida tinha alguma força nos braços, mas não teria como se defender diante de um agressor que não tem problemas físicos. Ele podia até tentar se defender, mas seria em vão”, disse o vendedor, que também é atleta praticante de kickboxing, um tipo de luta, e que se prepara para tentar entrar no MMA.

Cadeirante Luiz Antônio Barreto era cuidado por comerciantes do centro de Bauru e encarava com bom humor sua deficiência — Foto: Arquivo pessoal

“Nós da família ficamos muito chateados, mesmo com ele não convivendo mais com a gente. Entre a bebida e a família, ele escolheu a bebida. Mas é irmão do meu pai, é nosso sangue. Ele não era uma pessoa ruim, apenas um pouco marrento”, contou Maycon.

O vendedor de roupas lembrou que, por trabalhar bem próximo do cruzamento de onde seu tio ficava pedindo ajuda a motoristas e distribuindo balas no trânsito, o via com alguma frequência. Para ele, foram encontros marcados pelo carinho e pelas brincadeiras.

“Sempre que cruzava com meu tio, ele estava alegre, sempre encarando suas dificuldades com bom humor. Ele sempre ria quando eu falava pra ele que ia presenteá-lo com um par de chinelos”, relembrou o sobrinho.

Maycon destacou que o tio era “cuidado” por pessoas que vivem no comércio da região central de Bauru. Algumas delas até faziam sua barba e cabelo, de graça.

Outros, como a dona de uma loja que fica no cruzamento da Avenida Rodrigues Alves com a Rua Treze de Maio, onde ele ficava, fornecia comida diariamente, incluindo bolo de aniversário. O cadeirante morreu dois depois de comemorar, nas ruas, seus 42 anos.

O velório de Luiz Antônio Barreto começou no início da noite desta quinta-feira e o enterro está marcado para as 9h desta sexta-feira (30), no Cemitério do Jardim Redentor.

Jogado de viaduto

Luiz Antônio Barreto foi arremessado do viaduto da Rua Treze de Maio e caiu no Rio Bauru, que é canalizado entre as pistas da Avenida Nuno de Assis.

De acordo com informações da Polícia Civil, o suspeito levou a vítima em sua cadeira de rodas por cerca de dez quadras até o viaduto de onde o arremessou de uma altura de cerca de 10 metros.

Os bombeiros fizeram o resgate do homem e tentaram reanimá-lo por mais de 30 minutos, mas ele não resistiu aos ferimentos.

A Polícia Militar foi acionada e o suspeito do crime, um homem de 37 anos, foi localizado nas imediações do viaduto e preso.

O suspeito, que já havia cumprido pena por furto e roubo, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e levado para a cadeia de Avaí. A Polícia Civil investiga o caso.

Fonte: G1

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