Surfista brasileiro morre nas ondas gigantes de Nazaré
Tratado como um dos surfistas mais experientes das ondas gigantes de Nazaré, o brasileiro Márcio Freire faleceu nesta quinta-feira aos 47 anos após sofrer um acidente em uma das ondas com tamanho de prédio no litoral de Portugal. Conhecido pelo apelido de ‘Mad Dog’, ‘Cachorro Louco’ em português, Freire foi a vítima da primeira morte na Praia do Norte, de acordo com a imprensa local.
Vinicius dos Santos, surfista e amigo de Márcio, contou ao ge que: “Eu estava indo surfar e, quando cheguei na praia, vi o movimento do carro de salva-vidas, de resgate. Vi uma movimentação que parecia uma ressuscitação. Larguei a prancha e saí correndo. Quando eu vi, era o nosso amigo. Todos tentaram trabalhar junto com ele. Não teve um momento de pausa, todo mundo fez o que pôde. O Márcio acabou nos deixando. Ele foi uma inspiração para a minha geração de surfista.
Ele nos fez acreditar que era possível, juntamente com o Danilo e com o Yuri, os Mad Dogs. Eles desbravaram Jaws na remada, o que ninguém acreditava. Eu era menino, isso me motivou, me fez acreditar no meu sonho. Estou digerindo isso. Era uma pessoa próxima. Somos surfistas de ondas gigantes. O legado do Márcio será eternizado, ele influenciou uma geração e vai continuar influenciando, porque a história dele está aí. Fiquei chocado, mas não deixei de tentar ajudá-lo. É aceitar, rezar e apoiar os amigos aqui”.
Mário Lopes Figueiredo, comandante da Capitania de Nazaré, revelou à agência de notícias portuguesa Lusa que “Lamentavelmente, nenhuma das manobras de suporte de vida teve sucesso, acabando o óbito por ser declarado no local”.
No ano de 1998, quando tinha apenas 23 anos, Márcio Freire viajou ao Havaí onde, na praia de Maui, foi um dos primeiros surfistas a encarar a onda de Jaws remando, o que é visto até hoje como um grande desafio. Nos dias atuais, os surfistas pegam as ondas na região com auxílio de jet ski e equipamentos de segurança, como colete salva-vidas e capacetes. Baiano, Márcio era integrante do trio ‘Mad Dogs’ ao lado dos conterrâneos Danilo Couto e Yuri Soledade. O grupo de amigos foi conhecido por desbravar ondas perigosas, ao redor de todo o mundo, sem aparatos de segurança.
Em uma de suas últimas entrevistas, ao portal Let’s Surf, Freire disse que: “Nunca vivi do surf, nunca ganhei dinheiro com surf; tive pouquíssimas vezes, contadas no dedo, dinheiro que veio do surf, que foi em 2015, tomei uma das maiores vacas, ganhei 1000 dólares; e quando rolou nosso documentário dos Mad Dogs que ganhei um dinheiro; eu também tinha uns apoios ali, mas era mais soul surfer mesmo e não ligava muito.. E como as empresas nos EUA não iam patrocinar um brasileiro e eu estava fora do Brasil, era mais difícil de negociar, e eu também não corria muito atrás porque estava me bancando, vivendo minha vida, e era aquilo mesmo, trabalhar pra me autossustentar e me auto patrocinar”.
Fonte: Yahoo