Educação

Governo de Tarcísio troca 20 dirigentes das Diretorias de Ensino em São Paulo

O governo de Tarcísio de Freitas, representando o partido Republicanos, implementou uma mudança significativa na estrutura administrativa das Diretorias de Ensino do estado de São Paulo, ao decidir substituir, de uma só vez, 20 dos 91 dirigentes dessas diretorias. Essas entidades são cruciais para a supervisão das escolas da rede estadual, desempenhando um papel fundamental na monitorização dos indicadores de desempenho de cada unidade escolar. A Secretaria da Educação, em sua comunicação oficial, justifica essas alterações como uma ação que “obedece a critérios técnicos”, resultante de avaliações periódicas que a pasta realiza, levando em conta “os índices educacionais atingidos e de indicadores de gestão das Diretorias de Ensino”.

Entretanto, essa justificativa técnica é recebida com ceticismo por muitos profissionais da rede de ensino, que relatam um aumento na pressão por resultados. Há uma percepção crescente de que o secretário Renato Feder está tratando a educação com uma “lógica de empresa”, o que levanta questões sobre a adequação desse modelo gerencial em um setor que, por sua natureza, demanda uma abordagem mais humanizada e centrada no aprendizado. Essa exigência por melhores indicadores foi um dos temas centrais em um encontro recente entre o secretário e os dirigentes regionais, realizado em Santos, onde a pressão por resultados foi claramente enfatizada.

Para o governador Tarcísio de Freitas, a melhoria dos indicadores de aprendizado não é apenas uma questão de gestão educacional, mas também uma estratégia política, uma vez que a evolução desses índices é vista como crucial para suas aspirações eleitorais em 2026, seja visando a reeleição no estado ou uma candidatura à Presidência da República. Essa conexão entre desempenho educacional e capital político se torna ainda mais evidente quando se considera que, na semana passada, Tarcísio não foi convidado para um evento promovido pelo movimento Todos Pela Educação em São Paulo, que contou com a presença de outros governadores. Os organizadores do evento justificaram a exclusão do governador com base no desempenho do estado nos índices do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), nos quais São Paulo apresentou uma queda significativa.

Sob a gestão atual, houve uma reestruturação na carga horária das disciplinas, com uma redução nas aulas voltadas às ciências humanas, além da introdução de novas disciplinas no currículo escolar. Os professores agora são obrigados a utilizar materiais digitais, uma mudança que, embora tenha mostrado resultados positivos nos anos iniciais do ensino fundamental, não se traduziu em uma recuperação robusta nos anos finais e no ensino médio até 2024. Os dados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) revelam que, no 2° ano do Ensino Fundamental, a nota média em língua portuguesa foi de 8,6 no ano passado, mas caiu para 6,7 em 2023. No 3° ano do Ensino Médio, a nota média subiu de 3,0 para 3,1 em um ano, um progresso que, embora positivo, é considerado insuficiente. No 9° ano do Ensino Fundamental, a proficiência em língua portuguesa aumentou de 234,4 para 235,7, ainda assim, abaixo dos 244,2 registrados em 2022 e muito distante dos 249,6 de 2019, antes da pandemia de COVID-19.

As mudanças nas Diretorias de Ensino que estão sendo implementadas incluem a substituição de dirigentes em algumas das regiões que apresentaram os piores resultados no Saresp de 2024. Entre essas regiões, destacam-se três diretorias da capital paulista: Centro, Leste 3 e Leste 5. Essa estratégia de troca de dirigentes, embora justificada por critérios técnicos, levanta questões sobre a eficácia e a real intenção por trás dessas mudanças, especialmente em um contexto onde a educação enfrenta desafios significativos para se recuperar dos impactos da pandemia e das mudanças estruturais recentes. A análise dos dados e das decisões políticas sugere que o governo está em busca de uma resposta rápida e visível em termos de desempenho educacional, mas a eficácia dessa abordagem permanece uma questão em aberto, especialmente considerando a complexidade do sistema educacional e as necessidades dos alunos.

Fonte:Portal Tela

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