Proibir para Educar? O caso celular nas escolas
Pauta no Congresso Federal também, a promulgação da lei 18058/24 de autoria da Deputada Estadual Marina Helou, que proíbe celulares nas Escolas Paulistas traz uma parte do tema, que tem há anos sido debatido nas Unidades Educacionais Brasileiras.
A lei ainda precisará passar por regulamentação e esta é a parte crucial de todo processo.
Toda medida que envolva a Escola precisa de uma reflexão importante. Para ela ser aplicada e ter eficácia precisa a comunidade escolar participar do processo. Se não se torna apenas uma medida de pouca eficácia e que não contribuirá para o processo educativo.
Para a lei ter surgido é natural que tivemos um disparador: O uso constante de celulares nas Unidades Educacionais e todas as situações geradas por isso.
Algumas décadas atrás a grande problemática era quando os aparelhos sumiam dos olhos do educando que portava o aparelho dentro da Unidade Educacional. A importância da construção da responsabilidade da família e do educando para com seus pertences somados com a necessidade de termos espaços sem uns tomando bens do outro.
Com a criação de redes sociais e o celular se tornando um equipamento multimídia, um verdadeiro computador portátil e um objeto que marca a identidade de muitas tribos, desde a infância até o cidadão de melhor idade, o celular passou a trazer impasses.
Alguns especialistas e Profissionais de Educação fizeram declarações sobre a medida paulista e que vale para escolas públicas e privadas:
Kevin Nunes, Educador Popular explana que o celular deveria ser limitado e não proibido “o celular é um coringa, pois pode ser uma ferramenta extra mas também uma distração. Hoje é quase uma extensão do usuário e pode ser muito útil, sobretudo em casos de urgência, logo, neste ponto sou contrário. Porém a gente sabe que uma ferramenta deste porte nas mãos de adolescentes pode gerar consequências graves ao aluno e a escola também, então é prudente a limitação”.
A Coordenadora Pedagógica Sandra Cavaletti, membro do Grupo de Pesquisas em Políticas Públicas da Infância da PUC SP colabora na reflexão ao trazer que hoje a rede social está doente e não é ambiente seguro para crianças e jovens. Tem racismo, misoginia, incentivo a violência, automutilação, ciberbullying, jogos de azar e suicídio.
Elas não podem ficar sozinhas nos intervalos navegando nesses ambientes e usarem aplicativos sem acompanhamento de adulto, produzindo deepfake, jogando em bets.
O próprio Estatuto da Criança e Adolescente – ECA também registra a importância da família criar um ambiente que propicie o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente, sendo impreterível que as famílias colaborem neste sentido em orientar e regrar o uso de equipamentos eletrônicos. São os celulares facilitadores, mas não único meio de interação social.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE relata que a maioria dos alunos tem distração quando os colegas usam os celulares durante as aulas e os que usam menos o telefone têm um melhor desempenho nas avaliações, ou seja o educando atrapalha também o seu entorno. O ECA em seu artigo 17 tem que é assegurado o direito à inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, o que garante que a proibição é uma medida protetiva.
Neste sentido, Sandra Cavaletti que é também autora do livro A influência das mídias digitais na cultura da infância, fruto de seu trabalho de Mestrado, complementa que na legislação o celular e outras tecnologias estão liberadas se for para fins Pedagógicos, ou seja, mediados por adultos, professores, educadores e outros que a escola decidir em seu projeto político pedagógico e que a tecnologia assistiva para educação especial também é permitida.
Sandra finaliza dizendo que é necessário ter educação midiática para discutir sobre seu uso com estudantes e na formação de professores, para então serem construídos projetos com tecnologia saudáveis, pressionar as Big Tecs (Grandes empresas de tecnologia como Facebook, Microsoft) nas suas responsabilidades, envolvendo o controle parental como um eixo de formação pra todos.
Assim como Sandra este missivista defende que não é função do Diretor, inspetor ou Professor sair apreendendo o celular de estudantes relutantes em cessar o uso. A construção de um ambiente de diálogo, mediar as relações, jogos e brincadeiras precisa ster uma construção progressiva e delicada com o envolvimento das famílias.
Fonte:O Tabloide Vgp