História que o povo conta

Era uma manhã tranquila…

Era uma manhã tranquila, e o aroma do bolo de fubá se espalhou pela casa inteira. A galinha, com todo o seu carinho, havia feito aquele bolo especial. Era quase meio-dia quando o pintinho, ainda sonolento, acordou ao sentir o cheiro doce e delicioso no ar. Saltitando de alegria, correu até sua mãe:

— Mamãe, mamãe! Hoje vamos comer fubá, aquele fubá cheiroso!

Mas, com um suspiro, a galinha respondeu, quebrando toda a alegria do pintinho:

— Não, meu filho. Esse fubá é para uma ocasião especial, apenas para quando tivermos visita.

O pintinho abaixou a cabeça e se afastou, sentando-se num cantinho da casa, seus olhos cheios de tristeza. A galinha, com o coração apertado, guardou o fubá para outro momento.

No dia seguinte, pela manhã, o pintinho acordou, lembrando-se imediatamente do fubá. Corre até a mãe com esperança no coração:

— Mamãe, hoje é o dia! Hoje é o dia especial, vamos comer o fubá, né?

Mas a galinha respondeu, com a mesma calma de sempre:

— Ainda não, filho. Só quando tivermos visita.

O pintinho, cabisbaixo, seguiu os dias esperando aquele momento, mas ele parecia nunca chegar. Cada novo dia era uma nova esperança, uma nova chance de provar aquele fubá que tanto desejava.

Até que, um dia, um camelô passou pela casa, vendendo redes e panelas. O pintinho, sem perder tempo, correu até ele, cheio de entusiasmo:

— Venha, venha almoçar conosco! Mamãe preparou um fubá delicioso!

O camelô parou, e começou a conversar com a galinha, enquanto o pintinho, ansioso, ficava ao lado, esperando que finalmente chegasse a hora de comer. Quando deu meio-dia, a galinha colocou o fubá na mesa. O pintinho, então, correu para se aproximar da mesa, mas foi interrompido pela mãe:

— Espere, filho, espere! Deixe a visita comer primeiro.

O camelô, depois de uma longa caminhada e com muita fome, saboreou cada colherada do fubá, sem deixar nem um pedacinho. Quando terminou, não sobrou nada. O pintinho, com o estômago vazio, se contentou apenas com o cheiro do prato.

Os anos passaram. A galinha, já envelhecida, não conseguia mais andar sozinha, e quem estava ali para cuidar dela era ele, o pintinho que se tornara um galo forte e cheio de responsabilidade. E aquele camelô, que um dia apareceu, nunca mais voltou. Ele veio, comeu o fubá e se foi, desaparecendo na memória do tempo.

E foi assim que o pintinho aprendeu uma grande lição. Muitas vezes, na vida, a gente prioriza os de fora, os estranhos, os que vêm e vão, e esquecemos de quem realmente importa: os de casa. São esses que permanecem conosco nos momentos difíceis, nas horas de necessidade, na velhice.

Nunca tire da boca do seu filho para dar ao estranho, pois é ele quem estará ao seu lado quando você mais precisar.

Escritor: Isaías Bastos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×