Minha mãe sempre foi silenciosa
Nunca reclamava. Nunca se colocava em primeiro lugar.
Ela cuidava da casa, fazia comida, arrumava tudo, e no fim do dia… sorria. Um sorriso cansado, mas cheio de amor.
Na infância, eu acordava com o cheiro do café.
O uniforme já estava passado. O lanche, pronto.
Eu achava tudo aquilo normal. Afinal, era “função de mãe”, não era?
Quando eu chegava da escola, a comida estava quente.
Se eu estava doente, ela sabia antes de eu dizer.
Quando eu me trancava no quarto, ela batia levinho e deixava um prato na porta.
Nunca invadia, nunca cobrava — apenas cuidava.

Mas eu cresci achando que era obrigação dela.
Achando que carinho era rotina. Que cuidado era automático.
Nunca disse “obrigado” o suficiente.
Nunca reparei nas olheiras.
Nunca perguntei se ela estava bem.
Eu só vivia.
Ela só cuidava.
Hoje eu moro sozinho.
E sabe o que mais me dói?
O silêncio.
O silêncio da casa sem cheiro de comida no fim do dia.
O silêncio de ninguém perguntando se comi, se dormi, se estou com febre.
O silêncio de não ter mais alguém esperando a chave girar na porta.
Agora eu lavo minha própria roupa.
Faço minha comida.
Limpo o chão.
E cada gesto desses me lembra dela.
De como ela fazia isso tudo por mim… sem nunca reclamar.
E o que mais dói não é a ausência física.
É a ausência dos detalhes.
Dos bilhetinhos simples.
Do “leva o casaco”.
Do “me avisa quando chegar”.
Do “Deus te abençoe, meu filho”.
Dói lembrar das vezes em que ela me chamava e eu respondia com impaciência.
Dói lembrar que ela sorria, mesmo exausta, só pra me ver feliz.
Hoje, toda vez que fico doente, me sinto pequeno.
Sinto falta do chá com mel.
Da mão gelada na testa.
Da prece silenciosa ao pé da cama.

Se eu pudesse voltar no tempo…
diria “eu te amo” todos os dias.
Ajudaria mais.
Ouvia mais.
Estaria mais presente.
Porque hoje eu entendo:
Amor verdadeiro não grita.
Ele cuida em silêncio.
E quando parte… deixa um vazio que ecoa em cada canto da alma.
💡 Moral:
Nem todo amor se expressa com palavras.
Alguns simplesmente cuidam… até não poder mais.
Valorize quem te ama em silêncio.
Porque quando esse silêncio se torna ausência, não há barulho no mundo que o preencha.
Autora: Zélia Franco