História

Amor que nunca morre

Numa pequena cidade rodeada de colinas e florestas escuras, vivia um homem chamado André. Ele era um homem solitário, introvertido e reservado, que tinha perdido os pais ainda cedo. Sua vida passava na rotina, entre seu trabalho como carpinteiro e as tardes solitárias em sua casa, uma antiga construção herdada, cheia de memórias e ecos do passado.

Um dia, enquanto passeava pelo cemitério local, algo chamou a atenção dele. Entre os túmulos cobertos de musgo e flores murchas, viu uma figura que nunca tinha visto antes: uma mulher de aspecto etéreo, vestida com um delicado vestido branco que parecia flutuar com a brisa. Seu cabelo escuro caía em ondas suaves sobre seus ombros, e seus olhos, embora profundos, reflectiam uma tristeza infinita. Andrés sentiu-se atraído por ela, como se uma força invisível o empurrasse para essa figura espectral.

Aproximou-se dela, e com voz suave, perguntou-lhe quem era. A mulher, cujo nome era Valeria, sorriu-lhe triste e respondeu que vivia na aldeia há muito tempo, mas que a sua existência tinha sido esquecida por todos. Andrés, sentindo uma estranha ligação com Valeria, começou a visitá-la todos os dias no cemitério. Com o passar do tempo, suas conversas se tornaram mais profundas e Andrés começou a se apaixonar por ela. Apesar de algo dentro dela lhe dizer que havia algo estranho em Valeria, ela não podia deixar de se sentir atraído pela sua presença, pelo calor que ela trazia para sua vida solitária.

Uma noite, Andrés decidiu confessar seus sentimentos. Valeria ouviu-o em silêncio, e quando ele terminou de falar, seus olhos encheram-se de lágrimas. Com voz tremendo, disse-lhe: “Andres, eu também te amo, mas não sou o que você pensa. Meu lugar não é neste mundo, estou presa entre a vida e a morte, sem poder descansar em paz. Meu coração bate só por você, mas eu sou apenas um espírito condenado a vaguear pela eternidade. “

O coração de Andrés afundou ao ouvir essas palavras, mas seu amor por Valeria era tão forte que não podia aceitar perdê-la. “Não me importo”, disse ele, segurando suas mãos frias entre as suas. “Amo-te, Valeria, e não me importo se és um espírito ou o que és. Quero estar contigo, sempre. “

Valeria, comovida pelo amor incondicional de Andrés, aceitou estar ao seu lado. A partir de então, Andrés começou a levar uma vida dupla: durante o dia, era um homem comum, trabalhando na sua oficina, e à noite partilhava a sua vida com Valeria na solidão da sua casa. Os vizinhos começaram a notar sua mudança, como ela tinha deixado de sair à noite, como parecia falar sozinho, e como seu rosto estava cada vez mais pálido e consumido. Mas ninguém se atrevia a perguntar, pois a tristeza nos olhos de Andrés era evidente.

Com o passar dos dias, André começou a notar algo perturbador. A sua saúde estava a deteriorar-se, a sua força estava a desvanecer-se e a sua mente começava a ficar confusa. Todas as noites, ao estar com Valeria, sentia como se uma parte dele escapasse, consumida pela escuridão que rodeava a sua amada. No entanto, seu amor era tão grande que não podia ficar longe dela, mesmo sabendo que sua vida estava se extinguindo lentamente.

Uma noite, enquanto estava deitado ao lado de Valeria, sentiu o seu último suspiro se aproximando. Valeria, com lágrimas nos olhos, sussurrou-lhe: “Desculpa, Andrés. Eu não queria que isto acontecesse. Meu amor por você é tão forte que está te consumindo. Estou condenada a arrastar todos os que amo para este destino sombrio. “

Com sua última força, Andrés sorriu para ele e respondeu: “Não me arrependo, Valeria. Prefiro morrer amando você do que viver sem você. “

E assim, Andrés fechou os olhos pela última vez, entregando sua vida ao amor que sentia por Valeria. Quando seu coração parou de bater, Valeria o abraçou, sussurrando palavras de amor enquanto seu corpo se desvanecia lentamente, absorvido pela mesma escuridão que a mantinha prisioneira.

Naquela noite, na casa de Andrés, não sobrou nada além de uma brisa fria que soprava pelas janelas abertas. Os vizinhos nunca mais o viram, e embora o seu desaparecimento tenha sido um mistério, alguns diziam que, nas noites mais escuras, se podia ver a figura de um homem caminhando pelo cemitério, acompanhado por uma mulher de vestido branco, ambos unidos num amor eterno que desafia a morte mesma.

Nesse cemitério esquecido, Andrés e Valeria encontraram a paz que tanto procuraram, unidos na eternidade, onde o amor se torna um sussurro na escuridão, um eco do que um dia foi, e do que sempre será.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×