Ala militar defende quebra de silêncio de Bolsonaro sobre eleição de Biden
Integrantes da chamada ala militar do governo tentam convencer o presidente Jair Bolsonaro a quebrar o silêncio e parabenizar publicamente o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, como já fizeram outras lideranças no mundo democrático.
A avaliação de ministros do governo (da ala militar e de pastas técnicas) é de que é um erro essa posição de silêncio do presidente Bolsonaro, atrelada na relação pessoal dele com o presidente Donald Trump.
Como revelou o blog, a torcida inicial desses setores do governo era a de que Trump reconhecesse rapidamente o resultado da eleição americana para tirar Bolsonaro do impasse.
Mas como isso não aconteceu no fim de semana – e Trump sinaliza que vai esticar a corda por lá – a preocupação na ala militar do governo aumentou com a possibilidade de prolongamento do silêncio do presidente brasileiro.
A percepção desse grupo é que a afinidade ideológica entre Bolsonaro e Trump não pode interferir nas relações de Estado entre o Brasil e os EUA.
Na contramão da tradição da diplomacia brasileira, o Itamarty de Ernesto Araújo tem adotado uma política externa errática. Apostou todas as fichas na reeleição de Trump e agora o Brasil corre o risco de ficar isolado caso não mude de rota rapidamente, assumindo uma postura pragmática.
Reservadamente, auxiliares de Bolsonaro reconhecem ser impossível Trump reverter o resultado eleitoral, mesmo com recursos na Suprema Corte dos Estados Unidos.
Num gesto de fidelidade ao republicano, Bolsonaro ainda não mandou mensagem parabenizando Biden pela vitória, na contramão de outros líderes mundiais, inclusive da Europa e da América do Sul.
“Se demorar mais um pouco, será irrelevante a manifestação do presidente brasileiro sobre o resultado das eleições nos EUA”, lamentou ao blog um auxiliar do governo Bolsonaro.
A tradição americana é de reconhecimento do placar da disputa pelas projeções feitas pelos veículos de mídia.
Fonte: G1