Política

Joe Biden é eleito presidente dos EUA após vitória na Pensilvânia

Joe Biden foi eleito neste sábado (7) o 46º presidente dos Estados Unidos. A vitória foi anunciada após projeções de institutos e meios de comunicação indicarem a vitória do democrata na Pensilvânia.

Com isso, Biden ultrapassou os 270 delegados no colégio eleitoral. O presidente Donald Trump, derrotado, não reconheceu o resultado e disse que vai recorrer à Justiça.

Sem apresentar provas, Trump reclama de uma suposta fraude na apuração de alguns estados em que perdeu. Até agora, nenhuma autoridade reportou qualquer irregularidade na contagem dos votos.

“Sinto-me honrado pela confiança que o povo americano depositou em mim e na vice-presidente eleita, Kamala Harris. Diante de obstáculos sem precedentes, um número recorde de americanos votou. Provando, mais uma vez, que a democracia bate fundo no coração da América. Com o fim da campanha, é hora de colocar a raiva e a retórica dura para trás e nos unirmos como uma nação. É hora de a América se unir. E se fortalecer. Somos os Estados Unidos da América. E não há nada que não possamos fazer, se fizermos juntos”, disse o presidente eleito em uma nota.

À noite, Biden fez o discurso da vitória em Wilmington, cidade no estado de Delaware, e voltou a pregar pacificação entre os americanos.

“Prometo ser um presidente que não quer dividir, mas unificar. Alguém que não vê os estados vermelho e azul, e sim os Estados Unidos. E que trabalhará com todo o coração para conquistar a confiança de todo o povo.”

Votação popular e colégio eleitoral

Até a noite deste sábado (7), Biden somava 290 delegados no colégio eleitoral, contra 214 de Trump. Veja o mapa da apuração.

Se vencer na Geórgia, onde lidera, chega a 306 e iguala o número que Trump conquistou em 2016 ao derrotar Hillary Clinton.

A projeção do resultado feita por estatísticos a serviço de institutos e meios de comunicação não é oficial, mas historicamente aceita pela sociedade americana em eleições presidenciais. Entenda como funciona.

Os Estados Unidos não têm um tribunal eleitoral de âmbito nacional, como o Brasil, e a apuração é de responsabilidade de cada estado. A contagem demora semanas, e a projeção permite saber com antecedência quem será o vencedor.

Biden conquistou também mais votos diretos do que Trump. Não só isso. Ele se tornou o candidato a presidente mais votado da história do país, com mais de 75 milhões de votos. Trump recebeu mais de 70 milhões de votos.

É a eleição com a maior participação já registrada.

Veja, no vídeo abaixo, como vitórias em estados decisivos levaram Biden à Casa Branca.

O peso da Pensilvânia

A Pensilvânia é o terceiro estado do chamado Cinturão de Ferrugem em que o presidente Trump venceu em 2016, mas que virou para Biden em 2020, junto com Michigan e Wisconsin.

Tanto Trump quanto Biden fizeram muitas visitas à Pensilvânia durante a campanha. O republicano visitou o estado 13 vezes, enquanto Biden fez 16 viagens para lá. Ambos estiveram no estado na véspera da eleição.

Desde 2008, todos os candidatos presidenciais que ganharam na Pensilvânia conquistaram a presidência.

Medidas judiciais

O presidente Donald Trump alega que a votação está sendo roubada e promete ações na Justiça. Logo após a declaração de Biden como vencedor na imprensa americana, sua campanha soltou nota dizendo que a eleição não acabou.

“Todos nós sabemos por que Joe Biden está se apressando em fingir que é o vencedor e por que seus aliados da mídia estão se esforçando tanto para ajudá-lo: eles não querem que a verdade seja exposta. O simples fato é que esta eleição está longe de terminar”, afirmou Trump.

Pouco depois, advogados de Trump disseram a jornalistas que houve fraude eleitoral e que medidas legais, como recursos pedindo a recontagem dos votos, serão apresentados à Justiça a partir de segunda-feira (9).

campanha republicana pediu recontagem em Wisconsin e tentou suspender a apuração na Pensilvânia, na Geórgia e em Michigan. Nesses dois últimos, porém, a Justiça já derrubou os pedidos de Trump.

Também pediu interferência em um caso pendente na Suprema Corte dos EUA sobre a Pensilvânia, um estado importante da disputa que ainda está contando centenas de milhares de cédulas enviadas pelo correio. O republicano tenta impedir que o estado conte votos que cheguem depois da eleição.

Trump está tentando evitar se tornar o primeiro presidente em exercício dos EUA a perder uma candidatura à reeleição desde George H.W. Bush, em 1992.

Biden

A vitória de Biden marca o retorno de um democrata à Casa Branca após a saída de Barack Obama, que governou o país entre 2009 e 2017. Biden foi seu vice-presidente.

Casado com Jill Biden, Joe Biden nasceu em 1942 na Pensilvânia, em uma família católica. O democrata se notabilizou na política em 1972, quando, aos 29 anos, se elegeu para o Senado pelo estado de Delaware e se tornou uma das pessoas mais jovens a assumir o cargo na história dos Estados Unidos.

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Joe Biden é empossado como vice-presidente dos Estados Unidos ao lado de sua esposa Jill Biden durante as cerimônias de posse no Capitólio dos Estados Unidos em Washington, em 20 de janeiro de 2009 — Foto: Timothy A. Clary/AFP

A apuração dos votos deste ano começou dramática para o democrata, que perdeu a Flórida (contrariando a média das pesquisas) e começou atrás na Geórgia e na Carolina do Norte — estados onde Biden pretendia virar a vantagem obtida por Trump quatro anos atrás.

Mas outras vitórias em estados-chave determinaram a vitória de Biden segundo as projeções, ainda que somente após quatro dias. Uma das razões foi a previsível demora na contagem dos votos que chegaram por correio.

Mais de 100 milhões de eleitores americanos votaram antes do dia oficial das eleições. Isso representa quase 73% do total de pessoas que foram às urnas em 2016. Desses, mais de 64,5 milhões das cédulas foram enviadas pelo correio.

O voto antecipado foi motivado, entre outras razões, por receio de aglomerações na pandemia. E a maioria desses eleitores votou em Biden, já apontavam projeções feitas antes mesmo do dia da eleição.

A pandemia, inclusive, fez Biden evitar comícios com grandes aglomerações ao longo da campanha. O democrata preferiu fazer reuniões com poucas pessoas — ou, já na reta final, atos políticos com carros.

Temas da campanha e propostas de Biden

  • Coronavírus: Biden tem como propostas aumentar o número de testes e torná-los mais acessíveis caso seja eleito. Ele ainda estuda um projeto de lei que obrigaria as pessoas a usar máscaras. Além disso, ele planeja mobilizar 100 mil pessoas para uma espécie de exército de servidores que terão como função rastrear o vírus e a epidemia.
  • Acesso à saúde: o democrata propõe criar uma empresa estatal que vai oferecer planos de saúde mais acessíveis. A ideia é que, dessa forma, os preços vão baixar. Ele também pretende ter uma política de preços para os remédios.
  • Tributos: Biden afirmou que pretende aumentar a alíquota de impostos entre as pessoas de maior renda dos EUA, mas ele prometeu não levantar a taxa para 90% dos contribuintes.
  • Proteção ambiental: a proposta de Biden é começar um movimento para diminuir as emissões e chegar a 2050 como um país neutro. Ele também pretende voltar ao Acordo de Paris. Trump saiu do acordo e acabou com mais de 100 regras para preservar o ambiente eu seu mandato. Ele afirmou que não pretende fazer uma transição de combustíveis fósseis para renováveis.

Relembre a campanha de Biden

No início deste ano, o Partido Democrata fez suas prévias para escolher quem iria ser o adversário de Trump.

Biden começou mal e ficou em quarto na primeira rodada das prévias e sem nenhum delegado na segunda. Mas conseguiu reverter os resultados na Carolina do Sul.

Com o apoio do deputado Jim Clyburn, o democrata mais poderoso do estado, Biden venceu as primeiras primárias presidenciais de sua vida ao conquistar 48% dos votos. Depois, levou todos os estados nas primárias, exceto oito.

Dias antes da convenção nacional de seu partido, Biden escolheu a senadora Kamala Harris, da Califórnia, como vice.

Na convenção, Biden participou por transmissão — uma enorme mudança motivada pela pandemia em relação a outros anos, em que os comícios reuniam milhares dentro de ginásios esportivos.

O democrata ainda se encontrou com Trump em dois debates. Entre um e outro, participou de um programa com eleitores.

A campanha contou na reta final com o reforço de Barack Obama, que fez comícios para poucas pessoas — a maioria deles em carros — e se encontrou presencialmente com Biden para atos no fim de semana antes da eleição.

Fonte: G1

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