Saúde

‘Chegada da epidemia de gripe em SP é iminente’, diz pesquisador da Fiocruz; rede privada já vê fluxo maior de pacientes com sintomas

Movimentação de pessoas entre RJ e SP e baixa cobertura da vacina da gripe fazem com que SP seja ‘terreno fértil’ para epidemia de gripe, afirma responsável pelo sistema da Fiocruz que monitora doença.

epidemia de gripe que atinge o Rio de Janeiro deve afetar em breve a cidade de São Paulo e a região metropolitana, segundo o pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Gomes. 

Nesta terça-feira (14), o estado de São Pauloapresenta forte tendência de crescimento a longo prazo nos casos graves de doenças respiratórias, como a gripe ou a Covid-19, segundo o Infogripe, sistema da Fiocruz que monitora em todo o país os casos graves de doenças respiratórias.

Apesar disso, os dados oficiais do monitoramento ainda não apontaram aumento de casos graves provocados pelos vírus Influenza A e B no estado de São Paulo. O coordenador do Infogripe alerta que isso pode ocorrer por conta do atraso no resultado de análises laboratoriais, que determinam qual o vírus por trás de cada caso, e também devido aos ataques de hackers que afetaram os sistemas do Ministério da Saúde nos últimos dias. 

Em nota, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo(SindHosp) confirmou que verificou um fluxo maior de pacientes com sintomas de gripe nos hospitais nas últimas semanas. Isso inclui também pacientes leves, que não são considerados no levantamento do Infogripe. 

“O SindHosp tem observado, de forma pontual, um fluxo maior de pacientes com sintomatologia gripal nos prontos-socorros dos hospitais privados. No entanto, este movimento nāo traduz, necessariamente, uma tendência, e deverá ainda ser acompanhado”, afirma o sindicato.

Até o último dia 6 de dezembro, foram verificados 229 casos de pessoas hospitalizadas ou mortas por conta de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocada pelos vírus Influenza A e B no estado de São Paulo, segundo o Infogripe. Em 2020, foram 463 casos ao longo de todo o ano. O levantamento considera pacientes que tiveram tosse ou dor de garganta e algum sinal de desconforto respiratório.

Enfermeira aplica vacina contra a gripe em criança no início da campanha 2021 em São Paulo — Foto: Danilo M Yoshioka/Futura Press/Estadão Conteúdo
Enfermeira aplica vacina contra a gripe em criança no início da campanha 2021 em São Paulo — Foto: Danilo M Yoshioka/Futura Press/Estadão Conteúdo 

Os dados específicos para gripe da Fiocruz, que desconsideram os casos de coronavírus, ainda não mostraram aumento no estado de São Paulo nas últimas semanas. No entanto, para o pesquisador do Infogripe, o efeito nesses dados deve ocorrer em breve. 

Segundo Gomes, o grande fluxo de pessoas entre as capitais do Sudeste, além da baixa cobertura da vacina da gripe, fazem com que São Paulo seja um “terreno fértil” para a epidemia da doença. 

Até o início de dezembro, somente 55,5% do público alvo da campanha de vacinação contra a gripe havia se vacinado em São Paulo. A meta do governo era 90%.

“Não tem jeito: se estoura no Rio, vai estourar em São Paulo, porque tem um fluxo muito grande entre as duas cidades. Vai acabar chegando, mesmo que a gente não tenha os dados mostrando essa chegada da gripe ainda, é inevitável”, afirma o pesquisador da Fiocruz. 

“Ainda mais num cenário em que o terreno é mais fértil porque há um relaxamento do uso de máscara, e a cobertura vacinal da gripe é baixa, então o terreno é muito propicio”, completou. 

Cobertura vacinal em SP

Até o início de dezembro, apenas 55,5% do público alvo da campanha de vacinação contra a Influenza compareceu aos postos de vacinação neste ano no estado de São Paulo. A meta da campanha, estabelecida pelo Ministério da Saúde, era de 90%. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, cerca de 10,1 milhões de doses foram aplicadas. 

O único grupo prioritário que atingiu a meta de cobertura foi o dos indígenas, que teve 100% da população vacinada. Outros grupos atingiram cobertura acima da média estadual, mas ainda abaixo da meta estabelecida. É o caso de puérperas (72,4%), crianças (68,1%), idosos (65,4%), trabalhadores da saúde (64,9%) e gestantes (62,6%). 

Frascos da vacina contra a gripe produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo — Foto: Divulgação/I.Butantan
Frascos da vacina contra a gripe produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo — Foto: Divulgação/I.Butantan

Já as pessoas com comorbidades atingiram apenas 44% de cobertura vacinal contra a gripe. 

A campanha de vacinação foi liberada para todos os públicos em 12 de julho, após o encerramento da campanha para grupos prioritários. A ampliação determina que toda a população poderá se vacinar enquanto houver doses disponíveis na rede.

Fonte: G1

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