Após pressão do Supremo, Bolsonaro demite Weintraub do Ministério da Educação
O presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação.
Weintraub cai após um longo desgaste político com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), agravado com o episódio do último domingo (14) em que compareceu a um protesto em Brasília de apoiadores do governo.

No encontro com manifestantes, sem citar ministros do STF, Weintraub voltou a usar a palavra “vagabundos”, em uma referência a afirmação dele na reunião ministerial de 22 de abril, em que disse:
— Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF.
As declarações provocaram uma reação do Supremo, que nos bastidores cobrava a demissão do ministro. Sua permanência ficou insustentável e a saída passou a ser defendida pelo entorno de Bolsonaro, que sofria pressão dos filhos para mantê-lo no MEC.
Na segunda-feira (15), em entrevista à Band News pouco depois de uma reunião com Weintraub, Bolsonaro afirmou que seu aliado não foi “muito prudente” nem deu “um bom recado” ao ter participado da manifestação em Brasília no dia anterior.

Weintraub é alvo do inquérito das fake news, que tramita no Supremo, e também de uma investigação no tribunal por racismo por ter publicado um comentário sobre a China.
Na primeira investigação, ele teve negado nesta quarta-feira (17), por nove votos a um, um pedido de habeas corpus ao STF para ser excluído do caso.
Sua queda é mais um capítulo da crise envolvendo o governo e o STF.
Desde o mês passado, a cúpula militar e uma governo considerada técnica vinham tentando convencer Bolsonaro de que a saída de Weintraub era necessária para arrefecer o clima beligerante entre os Poderes, incluindo o Congresso.
Na semana passada, Weintraub amargou uma derrota política após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), devolver medida provisória que dava poderes para ministro da Educação nomear reitores de universidades federais temporariamente durante a pandemia.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-AP), virou um desafeto de Weintraub, chegando-se a chamá-lo de “desqualificado”.
Abraham Weintraub o sétimo ministro a deixar o governo. Ele estava no cargo desde 8 de abril do ano passado.
Nos últimos dois meses, saíram dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, eSergio Moro, que pediu demissão da Justiça e Segurança Pública.
A demissão dele representa a segunda troca no MEC em menos de 1 ano e meio de governo. Ele havia substituído Ricardo Vélez, que durou poucos meses no governo.
A gestão de Weintraub à frente do MEC ficou marcada pelo anúncio de projetos que não andaram, derrotas no Congresso, ausência de diálogo com redes de ensino e falta de liderança nos rumos das políticas públicas da área – inclusive durante a pandemia de coronavírus.

O mais marcante, entretanto, foi a postura agressiva e de alto teor ideológico de Weintraub. O tom, que sempre agradou ao presidente, acabou provocando sua saída.
Professor universitário de carreira curta e tímida, sem experiência em educação, Weintraub chegou ao MEC por indicação da ala ideológica do governo.
Fonte: Zero Hora.