Barueri e Itapevi têm maior proporção de mortes de idosos por Covid-19 na Grande SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um levantamento feito pela reportagem mostra que, proporcionalmente, o coronavírus matou mais idosos na região oeste da Grande São Paulo. As vizinhas Barueri, Itapevi e Osasco estão entre as cinco cidades com maior proporção de mortos entre pessoas com 60 anos ou mais.
Análise baseada em números da Secretaria Estadual da Saúde, sob a gestão João Doria(PSDB), e reunidos pela Fundação Seade mostra que, em Barueri, a Covid-19 matou praticamente 8 idosos a cada grupo de 1.000 com 60 anos ou mais (1 a cada 128).
Neste ranking entre os mais velhos, a segunda colocada na região metropolitana de São Paulo é Itapevi, com 6,4 mortes por 1.000. Osasco é a quinta, com 5,9.
Na Grande SP como um todo, a taxa de mortes por grupo de 1.000 habitantes com 60 anos ou mais é de 4,8. Em números absolutos, obviamente, a capital paulista é a cidade com maior quantidade de pessoas com 60 anos ou mais que morreram em decorrência da Covid-19 (9.162 vítimas).
Entre o início da pandemia em março e quinta-feira (10), foram 14.806 mortes de pessoas com 60 anos ou mais na Grande SP, de um total de 19.667 óbitos na região metropolitana (3 em cada 4).
CUIDADOS
Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde, Regiane de Paula afirma que já havia detectado essa proporção maior de mortes na população idosa na região oeste da Grande SP. Segundo ela, situação socioeconômica, vulnerabilidade social e condição de assistência regional e local em meio à pandemia são fatores a serem levados em consideração.
Independentemente da região e da fase atual da pandemia, Regiane ressalta que é importante manter distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos. “Com a população idosa, a gente não pode arrefecer de forma alguma as medidas de praxe. Enquanto não tiver vacina, é isso que vai mantê-los distantes do coronavírus”, diz.
SERVIÇO DE SAÚDE
O professor do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP Gonzalo Vecina Neto diz que uma das hipóteses para que as cidades liderem, proporcionalmente, o ranking de mortos entre a população idosa está na qualidade do serviço de saúde.
“A minha hipótese para a mortalidade ser diferente entre uma cidade e outra, mantidas as demais condições, é a qualidade de assistência em saúde no tratamento de pacientes graves”, afirma Vecina Neto.
Segundo o professor da Faculdade de Saúde Pública, hospitais mais avançados souberam se atualizar em meio à pandemia, diferentemente de onde o serviço é precário, o que contribui para o agravamento da situação de pacientes em pior estado, como normalmente ocorre com os idosos.
“Quando começou, a gente tinha taxa de mortalidade de mais de 90% nas UTIs. Atualmente, caiu para menos de 30%. Aprendemos a usar antiinflamatórios, respiradores, a fazer hemodiálise”, cita. “Não havia modelo pronto.”
OUTRO LADO
A Prefeitura de Barueri afirma que cuidado é igual para todas as faixas etárias, mas há atenção especial destinada a idosos cadastrados nos serviços de saúde, que recebem acompanhamento remoto desde o início da pandemia. Também diz que vai realizar testagem de pessoas com 60 anos ou mais.
A Prefeitura de Itapevi diz que detectou quatro surtos de Covid-19 em casas de repouso do município e que a alta taxa de comorbidade pode ter influência. Também afirma que foi uma das primeiras no Brasil a criar o Centro de Combate ao Coronavírus, em 18 de março, com prioridade para idosos. Diz ainda que faz campanhas de conscientização e testes.
A Prefeitura de Osasco afirma que municípios com grande atividade econômica e grande mobilidade estão mais sujeitos a maiores taxas de contaminação, inclusive em idosos. Diz ainda que tem trabalhado para garantir atendimento a todos e que, até o momento, não houve falta de leito.