Comunidade indígena Guarani ocupa terreno do Jaraguá onde construtora destrói Mata Atlântica e derruba 4 mil árvores
A comunidade T.I. Jaraguá amanheceu ao som da motosserra e de equipamentos de destruição em massa da natureza rondando suas moradias. As árvores vieram ao chão.
Foi então que decidiu se reunir em caráter cerimonial fúnebre nas imediações do terreno da empreendedora o mobiliária TENDA, ao lado da Aldeia Ytu, em frente à Aldeia Pyau e no entorno da Aldeia YvyPorã, a fim de se manifestar contra as ações da construtora realizadas ao longo dessa semana.
O empreendimento, de alto padrão, visa a construção de 5 torres de prédios de moradia para aproximadamente 800 pessoas, destruindo área de floresta, Mata Atlântica, totalmente arborizada e repleta de animais silvestres.
A área de construção do condomínio, então cercada por muros do empreendimento e com base de vendas de apartamentos ainda na planta, está iniciando as obras em meio a diversas irregularidades ambientais e desrespeito a leis de proteção aos povos indígenas e seus territórios.
A TENDA iniciou as obras sorrateiramente, sem comunicar a comunidade que, atenta à movimentação da obra, iniciou uma conversa com os empreendedores da TENDA. Foram dias reuniões com empregados da TENDA que sondavam a opinião dos moradores da aldeia. Há aproximadamente uma semana atrás, comunicaram à comunidade da derrubada de 4 mil árvores, alegando que, por se tratar de árvores isoladas, não havia presença de animais e muito menos, haveria necessidade de fazer consulta de devolutiva ambiental e indígena. Essas alegações não foram aceitas pela comunidade e o diálogo não teve avanço. Então a comunidade se dirigiu ao Ministério Público Federal que também não se pronunciou.
Na semana vigente, a TENDA iniciou a derrubada das árvores caracterizando imenso dano à natureza e indo de encontro às políticas anti-indigenistas e ataque ao modo de vida tradicional do povo Guarani.
Portanto, a comunidade exige que o respeito aos direitos a ela representados sejam obedecidos, considerando que qualquer obra a menos de 10km de uma comunidade indígena, é de exigência legal a devolutiva ambiental como consta na Constituição e obrigação de consulta prévia como exposto na Convenção 169 da Organização Internacional doTrabalho, (OIT), que o Brasil é signatário.
A comunidade está completamente abaladae em luto devido à ação inconstitucional da TENDA, e se manifestam em favor dos espíritos da floresta, que foram agredidos e derrubados junto com as árvores que foram cortadas. O Pico do Jaraguá está sendo devastado em nome de um progresso avassalador e de extermínio.
As florestas são entidades e espíritos de fortalecimento dos povos indígenas. Derrubar uma árvore é como tombar um parente, e nessa ocasião 4 mil parentes foram executados. Uma cerimônia fúnebre será realizada na área massacrada em nome de um apelo a Nhanderu (Deus criador Guarani) pela maldade e agressão aos espíritos que protegem o povo da floresta. A comunidade T.I. Jaraguá a partir de agora estará nessa cerimônia em reza aos encantados, sem previsão de término e no aguardo de uma conversa em relação à devolutiva ambiental e indígena destas ações destrutivas.