Instituto Butantan termina testes da CoronaVac e WSJ diz que vacina tem eficácia acima do mínimo de 50%
A expectativa é que o governo paulista informe a eficácia e mais detalhes sobre os resultados da fase 3 de forma oficial nesta quarta-feira (23)
SÃO PAULO – O Instituto Butantan anunciou nesta segunda-feira (21) que a terceira e última fase de testes clínicos da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o instituto, foi finalizada – mas os dados de eficácia não foram revelados, por enquanto.
Os testes contaram com 13 mil participantes e pelo menos 170 voluntários foram infectados. A fase 3 de testes é a última etapa antes da aprovação final da vacina e é com base nessa fase que os resultados de eficácia são extraídos.
Mais detalhes devem ser informados em coletiva de imprensa na próxima quarta-feira (23), conforme já havia informado o Instituto Butantan.
“Após excelência dos resultados nas fases 1 e 2, a fase 3 de testes da Vacina do Butantan, a Coronavac, foi finalizada e os resultados serão encaminhados para a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Em breve, a primeira vacina brasileira contra o Covid-19 estará pronta para salvar vidas!”, afirmou o butantan em suas redes sociais.
Eficácia acima de 50%
Também nesta segunda, o jornal americano The Wall Street Journal publicou uma matéria que diz que a CoronaVac demonstrou ter eficácia na fase três dos testes realizados no Brasil, segundo apurações realizadas com pessoas próximas ao processo de desenvolvimento da vacina.
“Os resultados de eficácia colocam a CoronaVac acima da taxa mínima de 50%”, diz o jornal. O percentual de 50% é o mínimo exigido pela Organização Mundial de Saúde para que a vacina seja aprovada para distribuição em larga escala.
“O Instituto Butantan do Brasil deve anunciar na quarta-feira (23) a taxa de eficácia da vacina, que os cientistas esperam poder ser comparada a outras vacinas contra a Covid-19, que chegaram a 95% de eficácia”, diz o jornal, indicando que as fontes consultadas confiam em resultados tão consistentes quanto das vacinas da Pfizer e da Moderna.
A vacina da Pfizer, que já está sendo aplicada no Reino Unido, nos Estados Unidos e em outros países, e foi aprovada nesta segunda-feira pela União Europeia, apresentou eficácia de 95%. A da Moderna – que foi aprovada na semana passada pela agência sanitária americana, a FDA, e começou a ser aplicada nos EUA nesta segunda-feira (21) – tem eficácia de 94%.
A vacina da Oxford, em parceria com a AstraZeneca também chegou a apresentar dados de eficácia, mas os resultados foram questionados posteriormente. A vacina russa, do Instituto Gamaleya, também já apresentou dados de eficácia, mas seus procedimentos chegaram a ser questionados pela OMS.
Além da divulgação dos resultados da CoronaVac, está prevista também para esta quarta-feira (23) a entrega dos resultados para a Anvisa e o pedido de registro emergencial da vacina, segundo João Doria, governador de São Paulo, e Dimas Covas, presidente do Butantan.
Inicialmente, os resultados seriam entregues no 15 de dezembro, mas a data foi postergada para que os estudos saíssem junto à data de aprovação da CoronaVac na China, o que abre brecha para que a vacina entre na chamada “Lei Covid”. A legislação, aprovada em virtude da pandemia, permite a distribuição de uma vacina em até 72 horas, mesmo sem aval da Anvisa, se o imunizante for aprovado por agências reguladoras estrangeiras de determinados países, entre eles China e Estados Unidos.
O WSJ destaca ainda uma fala recente de Doria, que disse que “planeja vacinar todo o estado, onde vive cerca de um quinto da população do país, até o final de julho deste ano – quase um ano antes do que o governo federal do Brasil prometeu vacinar o resto do Brasil”.
Vale lembrar também que, após muitas desavenças políticas entre o governo paulista e o governo federal sobre a CoronaVac, na última quarta-feira (16) o governo federal divulgou o seu Plano Nacional de Imunização, incluindo a CoronaVac entre as vacinas que serão distribuídas à população. No entanto, o governo de Doria afirma que segue aguardando uma formalização da intenção de compra das doses pelo Ministério da Saúde.
Fonte: Info Money