Reflexão: A gripe de 1918
“A gripe de 1918 durou 2 anos e teve 3 ondas de contaminação. De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. Estima-se que o número de mortos esteja entre 17 milhões e 50 milhões, e possivelmente até 100 milhões, tornando-a uma das epidemias mais mortais da história da humanidade.
A maioria das mortes ocorreu durante a segunda onda de contaminação.
Pessoas negaram tanto as medidas preventivas que quando ocorreu a primeira flexibilização, multidões foram às ruas, às praias e festas… ignorando a realidade de que o vírus ainda estava circulando. Nas semanas seguintes, a segunda onda de contaminação chegou com milhões de morte.
Alguns erros que fizeram a pandemia de gripe de 1918 durar dois anos:
1 – Notícias falsas: Na época, não faltavam notícias dizendo que a doença havia sido uma criação dos alemães. Muita gente acreditava que a moléstia era engarrafada na Alemanha e depois distribuída por seus submarinos, que se encarregavam de espalhar as ditas garrafas perto das costas dos países inimigos. Apanhadas nas praias por gente inocente, espalhava-se assim aquela terrível enfermidade. Espalharam a notícia de que um dos remédios utilizados na tentativa de evitar a doença ou curar os doentes foi o quinino (medicamento utilizado originalmente para o combate da malária). Houve uma corrida às farmácias em busca desta substância, seu preço aumentou assustadoramente e o produto acabou se esgotando.
2 – Não houve investimento em pesquisas para encontrar uma vacina: A comunidade médica daquele período não conseguiu explicar como uma moléstia branda e tão familiar pudesse estar matando tanto. Desconhecia-se seu agente causador e a forma de contágio (as certezas a respeito de como a gripe é transmitida só vieram à tona na década de 1930). Assim, os médicos puderam fazer pouco para salvar a vida dos doentes. Tudo era feito na base da experimentação.
3 – Negação da gravidade da doença: a gripe de 1918 foi considerada uma doença comum e corriqueira, que atacava especialmente idosos (chamada na época popularmente de “limpa-velhos”), a pandemia de 1918 acabou alterando a idade da população afetada. Morreram principalmente homens adultos, entre 20 e 40 anos (pessoas em idade de participarem do mundo do trabalho), o que causou surpresa entre a classe médica. As vítimas provavelmente precisavam sair de casa para trabalhar, e acabavam assim sendo infectadas.
4 – Ataque e censura á imprensa: Na época em que a doença se espalhou, o mundo passava pela Primeira Guerra Mundial, e as grandes potências ocidentais estavam envolvidas no conflito havia anos. Por essa razão, os países que estavam em conflito, impuseram forte censura á imprensa. Porque se a imprensa divulgasse as notícias da pandemia, as tropas poderiam abandonar a guerra. Como a Espanha não estava envolvida com a guerra, não censurou a imprensa e, assim, as notícias sobre o avanço da doença na Espanha, se espalharam. Por isso ficou parecendo que a doença inciou e propagou na Espanha.
5 – Perda de tempo procurando culpados em detrimento de união para salvar vidas: A doença recebeu inúmeros nomes diferentes. Os países afetados atribuíam uns aos outros a culpabilidade pela doença. Na Rússia, a doença recebeu o nome de Febre Siberiana; na Sibéria, Febre Chinesa; na França, Catarro Espanhol ou Peste da Senhora Espanhola; na Espanha, foi batizada com o nome de Febre Russa… e assim, sucessivamente.
As informações históricas contidas neste texto foram fornecidos pela mestre em História(PUCRS) Gabrielle Werenicz Alves.”