Sem dados, Bolsonaro diz que Brasil vira ‘país de pobre’ e compara à África
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar o isolamento social como forma de combate à disseminação do novo coronavírus e disse que, com o impacto econômico das medidas restritivas, o Brasil está virando “um país de pobres”. Bolsonaro não apresentou nenhum dado sobre pobreza ou desigualdade de renda para embasar sua afirmação. Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) divulgadas em outubro do ano passado, o rendimento médio mensal de trabalho da população brasileira 1% mais rica foi quase 34 vezes maior que da metade mais pobre em 2018. Enquanto a parcela de maior renda arrecadou R$ 27.744 por mês, em média, os 50% menos favorecidos ganharam R$ 820,00.
Na declaração feita na saída do Palácio da Alvorada, o presidente ainda chegou a fazer comparação com a África, dizendo que a recuperação esperada após a pandemia pode não ocorrer. “Aperta para todo mundo, vai tirar o filho da escola particular, colocar na pública, esse é o retrato do Brasil. O Brasil está se tornando um país de pobres”, disse Bolsonaro, mais uma vez dando ênfase aos impactos econômicos.
“O Brasil está quebrando, e depois que quebrar não é como alguns dizem que a economia recupera. Não recupera. Vamos ser fadados a viver como um país de miseráveis, como tem alguns países da África subsariana”, completou. A África subsariana corresponde à parte do continente situada ao sul do deserto do Saara. A região concentra alguns dos países com menor índice de desenvolvimento humano (IDH).
Em 2019, o primeiro do governo Bolsonaro e ano em que o Brasil ainda não sentia os efeitos da pandemia de coronavírus – até então restrita à China -, o PIB (Produto Interno Bruto Brasileiro) cresceu apenas 1,1%, a menor alta em três anos. Já para 2020, principalmente por causa da covid-19, a estimativa atual do governo é de uma redução de 4,7% no PIB.