Sobre o dia de Finados
O dia de Finados é, como todos já sabem, o dia em que mais recordamos – já que devemos recordar-nos também noutros dias – daqueles que nos deixaram. Principalmente, nossos mais próximos. Cada um encara da maneira conveniente para si aqueles que já nos deixaram. Muitos recordam-se deles só em Finados, outros tampouco recordam, mas é pertinente, recordando-me de um artigo do professor Olavo de Carvalho, chamado “Os mais excluídos dos excluídos”, fazer pontuações sobre aqueles que já nos deixaram e estão agora uns em cima e outros em baixo, mas que compõe o pacto da humanidade, de acordo com Burke, junto àqueles que ainda estão nesse mundo e aqueles que ainda nascerão e virão pra ele.
A própria cogitação da voz dos mortos pode soar de forma esquisita ou pejorativa. Mas, para ouvi-la basta notar a experiência. Os testes, o que foi feito e deu certo e o que foi feito e deu errado. Aquelas obras que o tempo provou estarem inclusas na verdade total. Se levamos em conta, e muito acertadamente, a experiência de alguém com 60 ou 70 anos, por que não levamos as experiências que atravessaram milênios?
Pensar na experiência dos mortos é valorizar as coisas permanentes e analisá-los como pessoas de fato, que tomaram atitudes, que tinham opiniões, que registraram conselhos e que através de suas experiências nos mostram muito. Não é pensar simplesmente no que retemos neles, ou pensar que porque só os alcançamos pela imaginação eles são puramente imaginários.
Todos somos finitos neste mundo. Aquilo que é verdadeiro, é eterno. Todos os costumes, valores e experiências verdadeiras também o são. Por isso, uma forma de “ouvir” os mortos, exercício oportuno para o dia de Finados, é olhar os valores que passaram. E isso pode ser ao avaliar os parentes mais próximos. Quase certamente se encontrará honradez, honestidade, confiabilidade, temência a Deus e uma riquíssima experiência empírica que não devemos observar pelo ponto de vista de hoje, como se essa fosse a época das épocas, mas absorver as essências ao longo do tempo, comparar o seu resultado, verificar o impacto que estes teriam atualmente e levar em conta o que é verdade. Só assim nós, anões, subiremos nos ombros dos gigantes e veremos mais longe.
Há pouco mais de 2 anos que convertida ao catolicismo, passei a refletir sobre o dia de finados. E eu nunca chegaria a uma profundidade dessas, acredito que a partir de hoje, farei essa experiência.