Um discurso ainda mais mentiroso
“Está claro o que os comunistas do Foro de São Paulo buscam fazer agora: admitir a inocultável ditadura de Maduro, fingir insatisfação e combate e ao mesmo tempo impedir qualquer combate autêntico à ditadura, além de utilizarem sua estrutura para atuar politicamente em seus países. Cinismo, mentira e hipocrisia estão no sangue dessa gente!”
O Foro de São Paulo reuniu-se no último sábado em Caracas para o seu 25° congresso, e, depois desse congresso, o El País do Uruguai publicou algumas notícias interessantes que envolvem, direta e indiretamente, o encontro do Foro, e que nos permitem tirar algumas conclusões.
No fim de semana, Daniel Martínez, Danilo Astori e Pepe Mujica, três dos mais importantes quadros da Frente Ampla (Frente Amplio, a coalizão dos partidos socialistas do Uruguai, que faz parte do Foro de São Paulo e governa o país com Tabaré Vázquez) disseram que a Venezuela é uma ditadura. O que não disseram é que ajudaram a construí-la, a apoiaram do começo até agora, e continuam apoiando, mesmo dando dessas declarações.
Vale lembrar que há poucos dias Mujica colocou a culpa nos manifestantes contrários a Maduro atropelados por blindados na Venezuela porque eles ‘não deveriam ficar na frente dos blindados’.
No entanto, antes dessas declarações, no sábado, durante o congresso do Foro de São Paulo, a secretária executiva Mônica Valente (Do PT, ex-vice-presidente da CUT e ex-presidente do Sindsaúde) reforçou o já claro apoio do Foro e de seus integrantes a Nicolás Maduro, Evo Morales, a chapa Alberto Fernández / Cristina Kirchner na Argentina e ao candidato Daniel Martínez no Uruguai. O mesmo que depois disse, como se dissesse uma novidade, que a Venezuela era uma ditadura, teve sua candidatura respaldada por essa ditadura, que gastou R$ 200 milhões para organizar o congresso do Foro que o apoia e do qual ele faz parte.
Não é coincidência, de forma alguma, que as declarações tenham sido feitas pouco depois do congresso. Os socialistas da América Latina estão mudando o discurso, depois de comprovar que a Venezuela tira votos. Para eles, não têm a mínima importância os mortos, os famintos, e o país no caos, mas importa muito que as ligações cada vez mais explícitas entre eles e Maduro não lhes sejam proveitosas nas eleições.
A estratégia agora é com a hipocrisia e o cinismo que já lhes são intrínsecos fingir indignação com a ditadura de Maduro e ao mesmo tempo fomentá-la e receber apoio dela.
Uma deputada venezuelana da Assembleia Nacional Constituinte, aparelhada por Maduro e usada para fins de apoio à ditadura, disse que o órgão deve manter um grupo de advogados para atuar em casos de crimes como o de Lula. E inclusive em casos que possam envolver os senhores Martinez, Astori e Mujica.
Um país que passa pelo que passa pretende pagar advogados para criminosos socialistas na América Latina inteira, enquanto esses fingem revolta para com a ditadura e tentam sufocar qualquer possibilidade de combatê-la verdadeiramente.
O informe de Bachelet para ONU relatando a situação caótica da Venezuela retrata bem isso. Bachelet foi a primeira presidente da Unasul, órgão que ajudou a viabilizar a ditadura, e ela já ocupou cargos onde poderia denunciar as barbáries que aconteciam na ditadura de Maduro. Por que só agora resolveu fazer esse relatório, que ainda pode ter amenizado muito os números sobre a situação do país?
Está claro o que os comunistas do Foro de São Paulo buscam fazer agora: admitir a inocultável ditadura de Maduro, fingir insatisfação e combate e ao mesmo tempo impedir qualquer combate autêntico à ditadura, além de utilizarem sua estrutura para atuar politicamente em seus países. Cinismo, mentira e hipocrisia estão no sangue dessa gente!
Mas hoje não existe mais o silêncio que havia sobre o Foro de São Paulo. É possível perceber suas movimentações, e os conservadores precisam ficar atentos para que este plano cínico não dê certo. As eleições uruguaias devem ser o primeiro teste deste teatro, e particularmente acredito que não dê certo, mas é bom que por aqui fiquemos de olhos abertos.